
O Nubank fechou uma captação de R$ 200 milhões em linhas de crédito com o Goldman Sachs. Foto: Divulgação.
A emissora de cartões de crédito digital Nubank fechou uma captação de R$ 200 milhões em duas linhas de crédito com o Goldman Sachs. Com o recurso, a empresa pretende financiar os recebíveis de clientes em operações realizadas no Brasil e no exterior.
O empréstimo local, de R$ 100 milhões, foi estruturado por meio de um fundo de recebíveis (também conhecido pela sigla FIDC) que tem o Goldman Sachs como investidor. O fundo comprará créditos de clientes que entrarem nas linhas de rotativo do cartão do Nubank.
A empresa chegou a consultar investidores locais em busca do funding, mas as condições inviabilizaram a operação, segundo David Vélez, presidente e fundador do Nubank.
"Havia uma exigência de pelo menos três anos de histórico de crédito, mas nós somos uma startup", explica ao Valor, ressaltando que o investidor estrangeiro se mostrou mais sofisticado ao precificar o risco de crédito da companhia.
O custo da linha, que tem prazo inicial de dois anos, não foi revelado, mas a expectativa do Nubank é manter o fundo de recebíveis de operações no rotativo como uma fonte constante de recursos para a empresa.
Os recursos obtidos fora do país com o Goldman somam US$ 25 milhões (cerca de R$ 88,3 milhões) serão usados para financiar as compras realizadas no exterior.
Segundo Vélez, a linha em dólares evitará um descasamento de capital de giro, já que essas operações são liquidadas no dia seguinte pela a, enquanto o consumidor dono do cartão no Brasil tem até 40 dias para pagar a sua fatura.
A operação é a primeira captação de dívida do Nubank, considerada a fintech (empresas de tecnologia focadas em serviços financeiros) de maior sucesso no Brasil.
A startup não abre seu número de clientes, mas Vélez afirma que a base cresce a uma taxa de 20% a 30% ao mês. Em janeiro, o Nubank anunciou que recebeu um aporte de US$ 50 milhões para expandir seus negócios no Brasil.
Criada em setembro de 2014, a startup já recebeu outros três investimentos: um aporte inicial para começar o negócio, em julho de 2013; outro investimento logo no lançamento da startup; e um aporte de R$ 90 milhões em 2015.
O segmento de startups voltadas para serviços financeiros tem crescido e atraído investimentos globalmente. Segundo a empresa de pesquisa Venture Scanner, em 2014 as fintechs captaram US$ 29 bilhões com fundos de investimentos globalmente.
De acordo com uma pesquisa da PwC, a indústria global de serviços financeiros sente a ameaça dessas novas empresas. Os executivos de instituições financeiras temem perder cerca de 25% de seus negócios para as startups até 2020.