
Obras do Parque Olímpico podem parar. Foto: Guilherme Rosa/Blog do Planalto.
Quem está com saudades da Copa do Mundo poderá reviver pelo menos um dos fatos memoráveis da competição. O atraso nas obras públicas parece estar em reprise no Rio de Janeiro, desta vez para os Jogos Olímpicos de 2016.
A dois anos da abertura dos jogos, o Parque Olímpico corre o risco de ter os trabalhos interrompidos a qualquer momento, a partir deste mês, por falta de liberação de financiamento. A obra fica no bairro da Barra da Tijuca, na zona Oeste da cidade
Segundo o Valor, a Concessionária Rio Mais, formada por Odebrecht, Carvalho Hosken e Andrade Gutierrez e responsável por grande parte do Parque, espera receber um empréstimo de longo prazo da Caixa Econômica Federal, de quase R$ 1 bilhão, há pelo menos seis meses.
Como o recurso ainda não saiu, o consórcio tem tocado as obras com capital próprio e empréstimos de curto prazo, mais caros. Até agora, foram investidos quase R$ 600 milhões, sendo R$ 80 milhões de capital próprio.
Como garantia para o empréstimo, a concessionária está oferecendo terrenos e ainda o chamado "Equity Agreement", quando a empresa se compromete a cobrir custos caso o financiamento não seja suficiente para concluir as obras.
Mas a análise e a negociação para a aprovação desse modelo continuam há meses. Agosto é considerado um "mês-chave" para a aprovação do empréstimo. Caso não seja aprovado agora, o dinheiro não deverá ser liberado ainda este ano.
"A Caixa Econômica Federal confirma a disposição para participar do financiamento do Parque Olímpico. Para isso, será necessário o atendimento de requisitos de enquadramento, condições negociais e garantias usuais de mercado. A Caixa informa, ainda, que em função do sigilo bancário não comenta detalhes de eventuais tratativas com empresas privadas", comunicou o banco estatal, em nota, ao Valor.
Grande parte das obras do Parque Olímpico fica sob responsabilidade da Rio Mais, depois que o consórcio venceu a licitação. Cada construtora tem um terço de participação na sociedade, que assinou contrato de parceria público-privada (PPP) com a Prefeitura do Rio de Janeiro.
A concessionária toca sete grandes projetos do Parque: três arenas, o Centro Principal de Mídia, o Centro Internacional de Transmissão, um hotel (que contará com 400 apartamentos para profissionais da imprensa), e toda a infraestrutura do Parque Olímpico e da Vila dos Atletas.
Grande parte das obras que servirão aos Jogos serão revertidas para uso no bairro. O hotel de mídia, por exemplo, ará a receber turistas e os centros de mídia se tornarão prédios comerciais.
Em dois anos, não será surpresa a criação de uma versão olímpica do site Não Vai Sair, que apresenta links para notícias antigas e da época do começo da Copa do Mundo. As publicações mostram as contradições e promessas não realizadas durante a organização do evento no Brasil.