
Bernardo Carneiro, CTO da OLX. Foto: Divulgação.
A autonomia oferecida a equipe de 600 funcionários da OLX gerou um desafio de custo para a empresa após a migração de seu ambiente de um data center próprio para a nuvem da Amazon Web Services (AWS).
Com a liberdade de criar novos servidores, questões como esquecimento de ambientes ativos desnecessariamente aram a afetar a companhia após a mudança para a AWS, realizada em 2017.
“Inicialmente, após a migração, os custos da OLX cresceram vertiginosamente”, relata Bernardo Carneiro, CTO da OLX.
Para solucionar a questão, um problema que afeta muitos usuários de serviços de computação em nuvem, a empresa desenvolveu internamente uma ferramenta voltada para controle de custos.
O sistema pode ser ado por todos os times e mostra o custo e o desperdício gerado pelas equipes, para que possa ser feito um autocontrole.
“Decidimos mostrar para todos o impacto de cada escolha. A companhia nunca falou para os colaboradores não usarem servidores, mas sim apresentou uma maneira de utilizar os recursos de forma sustentável”, detalha Carneiro.
Após a adoção do sistema no Brasil, a ferramenta foi levada para a Schibsted (acionista da OLX, juntamente com o grupo sul-africano Naspers) para ser apresentada a outros marketplaces investidos pela companhia norueguesa, como Leboncoin (França), Blocket (Suécia), Finn (Finlândia) e Subito (Itália).
“Muitas empresas, ao se depararem com a situação pela qual a OLX ou, optariam por tirar o o da equipe, mas aqui a ideia é manter a liberdade e foi criada uma forma de gerar maior transparência”, destaca o CTO.
A AWS não abre informações sobre sua base de clientes no país, mas a informação que circula no mercado é que a OLX está entre os três maiores.
O volume de dados gerados e consumidos pela empresa ajuda a explicar essa questão.
Por dia, a OLX insere aproximadamente 4 terabytes de dados em seu repositório central de informações, ou Data Lake, para usar o termo da moda.
Além disso, para ações de desenvolvimento, análises e testes, as equipes consomem 1 petabyte de dados diariamente.
Na equipe de 600 colaboradores, mais de 200 analisam e consomem dados toda a semana.
Com isso, a companhia cria novos recursos para a plataforma de compra e vendas. Um deles é o reconhecedor de imagens para categorização, que escolhe automaticamente a categoria, entre as 35 possíveis, na qual um produto deve ser anunciado a partir da foto publicada pelo usuário.
Para educar a ferramenta, um sistema de inteligência neural desenvolvido pela OLX avalia mais de 4 milhões de imagens por dia.
A empresa também lançou recentemente um sistema de recomendação de anúncios, que apresenta produtos de maneira personalizada a partir do reconhecimento do perfil de usuário que a a plataforma.
“O principal desafio para a criação desse sistema é a quantidade de produtos diferentes e únicos anunciados na plataforma, que não conta com um catálogo fechado como outros portais de e-commerce”, detalha Janet Baireva, O da OLX.
Além disso, a empresa lida com a dificuldade de realizar recomendações rápidas, pela velocidade na qual os itens oferecidos na plataforma deixam de estar disponíveis.
Hoje, 27% das vendas na OLX são realizadas em menos de 24h, enquanto 70% dos itens tem negócio fechado em até uma semana.
Com a cultura interna que promove aspectos como autonomia, transparência e inovação, a OLX espera atrair profissionais qualificados da área de tecnologia para a sua equipe.
“Queremos que o mercado tenha uma percepção da OLX como a maior empresa de desenvolvimento de tecnologia no Brasil, que os profissionais vejam trabalhar aqui como muitos veem o Google hoje, por exemplo, com a diferença que todo o nosso desenvolvimento é feito 100% no Brasil”, relata Carneiro.
A OLX prevê contratação de 145 pessoas para os times de tecnologia e produto ao longo de 2019, tanto na sede do Rio de Janeiro quanto na unidade de São Paulo. No ano ado, essas equipes recebem 72 novos colegas.
Em 2019, a OLX Brasil investirá R$ 250 milhões nas suas operações no Brasil, um aumento de 25% em relação a 2018. O valor será destinado ao aumento da equipe, tecnologia e marketing.
O faturamento da empresa chegou a R$ 312 milhões em 2018, um valor 70% maior que o acumulado em 2017.