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John Fowler. Foto: divulgação.
Depois da virada dos anos 2000, o mercado de TI também teve a sua mudança, em que o hardware ficou para trás na briga com os softwares e serviços. Para John Fowler, VP Executivo de Sistemas da Oracle, o quadro não foi apenas desfavorável.
"Nos últimos 15 anos, a perda de espaço do hardware no cenário de inovação foi uma vergonha", disparou o executivo em coletiva durante o Oracle Open World, em São Paulo.
Segundo o executivo, a "década dos softwares e serviços" desviou a atenção do potencial que ainda existe para inovar e vender seu hardware.
"Muitos às vezes se esquecem que, a tecnologia que fica nas camadas básicas, onde está o hardware, repercute diretamente no desempenho que é entregue na ponta, onde ficam as aplicações e nuvem, por exemplo", disparou Fowler.
Embora mais da metade do faturamento trimestral de US$ 9,3 bilhões da Oracle não esteja na parte de infraestrutura, a fatia de vendas e serviços de hardware representa 24% deste bolo. Entretanto, a divisão acumula seguidas quedas de receita, na casa dos 5%, a cada trimestre.
Para Fowler, a Oracle não pretende largar este osso, ao contrário de concorrentes como IBM, que mudou seu foco para ser uma empresa de soluções corporativas - recentemente a Big Blue vendeu sua divisão de servidores para a Lenovo.
"Temos ferramentas para mudar draticamente o cenário atual dos equipamentos, com uma proposta de integração otimizada entre o ferro e as aplicações, on premise e cloud", afirmou Fowler.
Um exemplo disso é a parte de sistemas convergentes, em que a Oracle investiu na integração de seus hardwares não apenas com seu extenso portfólio de softwares, mas também com terceiros como SAP, SAS e outras.
Segundo dados do IDC, no primeiro trimestre de 2015 a Oracle dominou o segmento de hardwares convergentes, com um faturamento de US$ 392 milhões, um crescimento de 5,8% sobre o período no ano anterior. A segunda colocada, IBM, fica bem atrás com US$ 42,35 milhões.
Vale lembrar que em 2009 a Oracle comprou por US$ 7,4 bilhões a Sun Microsystems, companhia que cresceu com o estouro das "pontocom" baseada em seus produtos de software e a plataforma de desenvolvimento Java.
Na época, a compra simbolizou uma vitória final da Oracle sobre a IBM, que foi a principal rival da Big Blue nos anos 90 e derrubou o domínio da IBM e seus mainframes no mercado corporativo.
Entretanto, o maior rival da Oracle no hardware atualmente não vem de outras marcas, e sim da própria evolução do mercado. À medida que o software tomou o palco principal, a inovação nos equipamentos corre o risco de ser irrelevante. Fowler discorda.
De acordo com o VP, uma das recentes inovações da Oracle foi o Sparc M7 processor, chip com software integrado no próprio silício, que utiliza códigos já pré-configurados dentro da placa para rodar aplicações com o mínimo de perda em velocidade.
"Continuamos a investir em hardware para o futuro, desde as já lançadas placas com software no silício, assim como estamos desenvolvendo com a Intel projetos em fotônica", aponta o executivo.
A tecnologia de fotônica envolve a substituição do uso de cobre nas ligações eletrônicas das placas por fibra óptica, com ganhos de velocidade e redução dramática de consumo de energia.
"Ainda vai levar alguns anos para termos esta inovação comercialmente, mas é algo que quebrará paradigmas na utilização de hardware e do próprio mercado de tecnologia", finalizou Fowler.
* Leandro Souza cobre o Oracle Open World Latin America em São Paulo a convite da Oracle.