
Os primórdios da informática no Brasil. Foto: Jorge Maruta.
A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo iniciou nesta semana as comemorações do Patinho Feio, equipamento inaugurado na universidade em 1972 e tido como o primeiro computador idealizado, projetado e construído no Brasil.
Os professores da Poli e engenheiros que atuaram na construção do Patinho Feio foram homenageados na USP nesta quinta-feira, 22.
Estão programadas exposições públicas até julho de 2023. Entre 8 de outubro e 6 de novembro o computador estará na unidade do Sesc da Vila Mariana, na capital paulista.
Em novembro, será levado para o Espaço USP Integração & Memória, localizado no prédio da Reitoria da Universidade. No primeiro semestre do ano que vem, o Patinho poderá receber visitas programadas de estudantes do ensino fundamental e médio.
De acordo com o diretor de Operações da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (uma entidade sem fins lucrativos ligada à USP), José Roberto Castilho Piqueira, um dos objetivos das comemorações é “mostrar para a sociedade e para os poderes públicos que os investimentos feitos na universidade pública dão retorno para o país”.
“O Patinho Feio foi feito com verbas orçamentárias da Escola Politécnica e ajudou a formar e desenvolver a indústria de computadores no Brasil, com a criação de centenas de empresas e milhares de empregos qualificados, além de gerar bilhões de dólares para nossa economia”, avalia Piqueira.
O Patinho Feio é um produto de uma outra Era da informática. Composto por uma caixa de cerca de um metro de comprimento, com placas de circuitos feitas de plástico e papelão, ele era capaz de imprimir comandos e registrar códigos com uma memória de 4kb, capacidade quase um milhão de vezes menor que a de um celular atual.
Não havia telas. Os códigos eram digitados em um teletipo e emitidos em fitas de papel perfuradas com marcações na linguagem binária (0 e 1). Registrado no papel após ser processado pelo computador, o código poderia ser lido diversas vezes pelo teletipo para imprimir o desenho ou o texto que o usuário desejasse.
“Na época só era possível produzir um computador de pequeno porte. Mesmo assim, o Patinho era maior do que os computadores utilizados a bordo pela NASA nas expedições da Apollo 11 à Lua”, destaca Lucas Moscato, desenvolvedor do projeto e docente aposentado da Poli-USP.
Liderado pelo professor Antônio Hélio Guerra Vieira, o Patinho serviu de base para a produção do G-10, o primeiro computador comercial do país, desenvolvido em parceria pela Poli-USP, Marinha do Brasil e PUC-RJ.
O primeiro curso de Processamento de Dados, o precursor das atuais formações como Ciências da Computação, foi lançado em 1974 no campus da Unesp em Bauru, no interior de São Paulo.
O G-10 está na origem da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia, criada por docentes e pesquisadores da Poli-USP com o objetivo de istrar a construção da máquina.
Desde então, a fundação já desenvolveu mais de mil projetos de ciência e engenharia com órgãos públicos, institutos e faculdades da própria USP, Marinha do Brasil e empresas de grande porte, a exemplo da Vale, Petrobrás, Furnas, AES Eletropaulo, Grupo CCR.
Entre as inovações tecnológicas produzidas nessas parcerias encontram-se, por exemplo, os sistemas de controle e segurança de linhas de metrô e trem de São Paulo e de metrô do Rio de Janeiro.