
PLM é parte do plano para fazer lavadoras futuristas.
A Whirlpool decidiu começar pelo Brasil a fase final do Constellation, projeto de implantação de tecnologia de gerenciamento de ciclo de vida do produto (PLM, na sigla em inglês) que mobiliza a companhia desde 2006.
A operação latino-americana será a primeira a dispor de uma mesma estrutura de produtos (bill of materials, em inglês, ou BOM no chavão da indústria) para a área de engenharia, manufatura e serviços.
Depois da experiência no Brasil, a novidade será estendida às demais 170 operações mantidas em todo o mundo pela multinacional, que faturou US$ 19 bilhões em 2011 e atua no Brasil por meio de marcas como Brastemp e Consul.
“Escolhemos começar pelo Brasil pela flexibilidade e a facilidade com a qual os brasileiros adotam novas tecnologias e maneiras diferentes de fazer as coisas”, explica Fred Bellio, CIO da Whirlpool, que expôs o case de PLM da empresa no Planet PTC, em Orlando, nesta segunda-feira, 04.
Para a companhia, o Brasil possui um ambiente interessante para o projeto: são três fábricas – uma em ville, Santa Catarina –, contra 40 dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, o país leva investimentos fortes da empresa em pesquisa e desenvolvimento - são 700 colaboradores envolvidos nesta área -, o que é um aspecto primordial dentro da proposta do PLM.
De acordo com o INPI, a Whirlpool é a quarta colocada no registro de patentes no Brasil, além de ser a companhia brasileira com maior volume de patentes concedidas nos Estados Unidos.
O projeto de PLM da companhia está sendo executado em parceria com a PTC e é uma espécie de vitrine do software Windchill.
A relação entre as duas empresas começou em 1986, quando a Whirlpool comprou algumas das primeiras licenças do Pro-E (hoje, 100% das licenças de CAD na companhia são da PTC, um caso raro em usuários desse porte).
A necessidade de mudar gestão da produção na Whirlpool foi deflagrada pela compra da concorrente Maytag, um negócio de US$ 2,6 bilhões fechado em 2006.
“Ao enfrentar o desafio de integrar as informações deles, notamos o quanto nossas próprias informações estavam desestruturadas”, revela Jeffrey Burk, diretor de PMO da Whirlpool.
De acordo com o executivo, cada uma das quatro operações mundiais mantinha sua própria base de dados e a corporação não tinha informações básicas, como o número total de fornecedores ou quantas peças do banco de dados estavam sendo atualmente utilizadas nos produtos.
Além da necessidade de ajudar no cenário de integração, o projeto de PLM da Whirlpool também visa a atender a demanda de gestão do design, manufatura e serviços relacionados com produtos cada vez mais complexos.
Embora os executivos da empresa não tenham dito isso explicitamente, parece claro que o objetivo da companhia é virar uma espécie de Apple do mundo das máquinas de lavar.
Durante o keynote no Planet PTC, os executivos mostraram a lavadora Whirlpool Vantage.
Lançada na CES 2011, a máquina é um marco na migração da empresa do mundo dos eletrodomésticos para o dos eletrônicos.
Para lembrar uma propaganda antiga da marca, a máquina é uma Brastemp, que pode ser programada por uma tela de LCD e possui até entrada USB.
O brinquedo sai por quase R$ 2 mil nos Estados Unidos.
* Maurício Renner cobre o Planet PTC 2012 em Orlando a convite da PTC.