
Rogério Santanna
A saga da Telebrás contra as teles teve mais um capítulo nessa terça-feira, 10, durante a Business IT South America (BITS), em Porto Alegre.
No evento, representantes das operadoras e Rogério Santanna, gaúcho presidente da estatal responsável pela gestão do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) mais uma vez debateram de longe, sem ficar frente a frente.
Os ataques partiram de João Moura, presidente executivo da Telcomp, que participou de evento sobr a cooperação Brasil-União Europeia, na parte da manhã.
“A Telebrás é muito bem-vinda, mas ela que respeite as regras de mercado, jogue limpo”, alfinetou o dirigente.
As críticas principais de Moura são referentes ao preço (de R$ 35 ao mês por uma velocidade de 1 Mbps, como reza o PNBL), que o executivo chamou de distorcido e prejudicial. Além disso, as teles insistem numa regulamentação do atacado de internet no Brasil.
Santanna respondeu:
“O que eles querem? Ganhar dinheiro com poucos? A Telebrás veio para ser lucrativa e concorrer. Eles que reduzam as margens deles, que são muito altas. A verdade é que eles têm medo e ganância”, rebateu Santanna.
Hoje, a banda-larga no Brasil fica entre R$ 96 e R$ 49 em pacotes de entrada, conforme informações divulgadas pela Oi. Segundo dados do Ipea, caso o preço cobrado fosse reduzido ao patamar do governo, o número de residências conectadas aria dos atuais 12 milhões para 35 milhões.
“Para isso, Anatel e empresas têm que combinar esforços. O país não tem demanda para sustentar o investimento a esse preço”, disse Paulo Mattos, vice-presidente de regulamentação do Grupo Oi.
Fiel ao seu discurso, Santanna levantou o moral dos pequenos provedores, que contam com a Telebrás para entrar em novos mercados e com um serviço melhor, e voltou a antagonizar as grandes operadoras, que, segundo o diretor, dificultam seu trabalho.
“Eu, a cada dia, tento levar a pedra morro acima e, sabe como é, se a gente para, a pedra desce de volta”, desabafou Santanna, para quem a força da gravidade se chama lobby das operadoras, capaz de “influenciar parlamentares” e frear o PNBL.
Para Philippe Defraigne, diretor da Cullen International, Santanna não está de todo errado, nem Moura, nem Mattos.
“Três coisas movimentam as ações de telecom em um país: ganância, medo e concorrência”, conclui o diretor, para quem tais rusgas soam bastante naturais.
O EUBrasil e a apresentação sobre banda larga fizeram parte da programação da Business IT South America (BITS), que se realiza até a próxima quinta-feira, 12, no centro de exposições da Fiergs, em Porto Alegre.
e o site do evento nos links relacionados abaixo.