
Maurício Prado.
Maurício Prado, ex-presidente da subsidiária brasileira da SalesForce, acaba de ser contratado pela Oracle para assumir como vice presidente de vendas da área de Business Aplications.
A informação é de fontes de mercado e foi confirmada pelo Baguete. Procurada, a Oracle ainda não se manifestou.
Na nova posição, Prado irá competir com a sua antiga empregadora na oferta de software de sistemas de relacionamento com o cliente (CRM, na sigla em inglês), além de com a SAP e Microsoft em sistemas de gestão.
Prado, contratado pela SalesForce em 2014, se tornou nacionalmente conhecido ao ser demitido da multinacional americana no final do ano ado após um funcionário postar no Facebook uma foto da festa de final de ano da companhia na qual o executivo está ao lado de um colega fantasiado como o popular meme do "Negão do WhatsApp".
O que aconteceu depois não está totalmente claro (nem a SalesForce nem Prado falaram oficialmente do assunto), mas segundo a reportagem do Baguete conseguiu apurar, a foto chegou até a matriz enviada anonimamente por canais internos e o RH decidiu demitir Prado por quebra de compliance.
Prado saiu da empresa no dia 19 de dezembro. No dia 5 de janeiro, a Folha de São Paulo publicou a polêmica foto. Em meio ao marasmo da primeira semana do ano, a história circulou em redes sociais e foi republicada por meios de comunicação de todo o país.
O profissional é um executivo experiente, no mercado desde a metade dos anos 90, com agem por cargos de alto nível em SAP, Microsoft e Expedia.
A decisão da SalesForce de demitir Prado (junto com um diretor comercial e o funcionário fantasiado) foi a primeira polêmica gerada pela estratégia das grandes multinacionais de TI de trazer para o país uma agenda de responsabilidade corporativa com ênfase em pautas pró-diversidade, com a criação de grupos de funcionários gays e ações de inclusão de mulheres e minorias na força de trabalho.
A medida não foi recebida de maneira unânime, dividindo a opinião em dois campos. De um lado, houve quem dissesse que a SalesForce foi coerente em aplicar no Brasil as regras de conduta que usa para os seus funcionários na matriz.
Nos Estados Unidos é considerado racismo uma pessoa branca se fantasiar como uma negra (para não falar nada de uma pessoa negra com um órgão sexual desproporcional, como o caso do meme). A conduta é um tabu por lá e há quem alegue que deveria ser também no Brasil.
Para outros comentaristas, no entanto, a decisão da SalesForce foi um exemplo dos excessos do “politicamente correto”, uma vez que essa conotação americana para a fantasia não se aplicaria no Brasil, onde o "Negão do WhatsApp" já faria parte da cultura carnavalesca da nação (o funcionário, aliás, ficou em quarto lugar no concurso de disfarces interno, uma ação do RH brasileiro da SalesForce).
A decisão da Oracle de contratar Prado menos um mês depois da sua polêmica saída da SalesForce reforça o argumento dos que acreditam que a SalesForce simplesmente exagerou na dose
A multinacional americana, conhecida pelo seu estilo agressivo comercialmente e menos engajada na agenda politicamente correta de pares como SAP, Microsoft, IBM e Dell, viu um executivo experiente dando sopa e agiu aparentemente sem se preocupar pela repercussão das mídias sociais.
Fez certo ou fez errado?