(1).jpg?w=730)
Unidade da PX Energy em São Mateus do Sul, Paraná. Foto: divulgação.
A PX Energy, refinaria paranaense de xisto com origem na Petrobras, adotou o S/4 Hana, a última versão do software de gestão da SAP, com a Abaco Consulting Brasil, parceira da multinacional alemã, como principal consultoria.
Também participaram do projeto nomes como a SoftwareOne, especializada em gerenciamento de portfólio de software e computação em nuvem, e a Synchro, paulista desenvolvedora de soluções de conformidade tributária e fiscal.
Desinvestida pela Petrobras em novembro de 2022, a PX Energy tinha um contrato no qual poderia usar o SAP da petroleira somente durante o período de transição. Com isso, o projeto aconteceu em paralelo para implementar um novo sistema de gestão do zero.
A refinaria definiu que adotaria o S/4 Hana, na sua última versão, utilizando a nuvem da Amazon Web Services (AWS). O contrato foi direto pelo Rise with SAP, portanto quem rege o contrato de cloud é a própria multinacional alemã.
“Apesar de ser um greenfield num projeto para SAP, a gente veio do sistema Petrobras. Tínhamos muito forte a importação dos dados para poder compor a nossa base. Além disso, precisávamos definir todos os processos com uma equipe completamente nova”, conta Roberto Defacio Padroni, gerente executivo de governança e estratégia da PX Energy.
O processo de busca das parceiras SAP começou ainda em fevereiro de 2022. Os contratos foram fechados só em janeiro de 2023 e a PX Energy precisava assumir a operação já em setembro de 2023.
“Quando você fala em implementações de oil and gas, são 18 meses, 24 meses. São sempre projetos multimilionários e de dois anos. Mesmo em refinarias de médio porte, que é o caso da PX, nós fizemos algo inédito. A gente fez algo de um custo-benefício extremamente atrativo e num tempo recorde. Nem a própria SAP acreditava que fosse possível”, conta Emilio Chiofetti, diretor de vendas da Abaco Consulting.
No escopo do projeto, a refinaria decidiu seguir com os módulos standard SAP, adicionando uma suíte fiscal e um módulo de recursos humanos. Totalizando mais de 20 módulos, escolheu os parceiros de acordo com a expertise de cada um.
No módulos funcionais, a Abaco foi a principal consultoria, tanto no que era standard quanto nos desenvolvimentos. Naquilo que a parceira não tinha tanta expertise para tocar, ela mesma indicou outros parceiros.
Para entregar o projeto tão rápido, em cerca de sete meses, a equipe acabou suprimindo o escopo, vendo quais eram os processos que deveriam entrar em setembro e o que dava para postergar. O que não era essencial foi feito manualmente ou com outro sistema para entrar depois no SAP.
“Ninguém acreditava que isso fosse acontecer no ano, nem a própria equipe. Alguns processos foram sacrificados em função desse prazo. Sofremos depois também por algumas coisas não arem pelo ciclo de teste como deveriam. Mas sofremos pouco frente a todos os fluxos que a gente implementou. Não paramos um dia”, conta Padroni.
Entre consultores e key s, o projeto contou com 50 pessoas envolvidas.
“Um diferencial nosso é que tivemos os key s de fábrica focados no projeto. Normalmente, eles precisam se dividir com processos de negócio acontecendo em paralelo. Assumimos como premissa ter um time 100% dedicado. Isso inclui ter um local físico separado para a equipe para facilitar a comunicação”, destaca Padroni.
Hoje o S/4 Hana cobre toda a empresa, não apenas as áreas financeira, contábil e istrativa.
“Nós temos ferramentas lá na parte da planta, como o PM (manutenção), o PP (planejamento e produção) e o QM (gestão de qualidade). Não tem nenhum setor que hoje não fale com o SAP dentro da companhia. Por isso que foram tantos módulos e foi tão desafiador o projeto. A gente integrou tudo de uma vez”, conta Padroni.
Em relação ao módulo Oil&Gas, de gestão de combustíveis, a brasileira foi uma das primeiras a fazer a adoção mundialmente. Parte dele foi standard e parte foi desenvolvido pela Abaco para atender as particularidades da PX.
Além do software da SAP, a empresa tinha mais de 130 sistemas oriundos da Petrobras para também colocar de pé durante esse período de transição. Alguns conversam com o S/4 Hana e, para isso, foram realizadas integrações.
Com a implantação, a PX observou benefícios na parte de custos, por deixar de pagar pelos serviços da Petrobras. Além disso, afirma ter ganho na identidade como companhia independente, com autonomia em relação aos processos e à continuidade operacional.
“É um processo extremamente complexo juntar uma refinaria com um poço de extração. Então você imagina compor tudo isso de uma forma diferente e o SAP lá no final dos nossos processos tendo que dizer qual é o custo unitário dessa operação. Assim você vê a complexidade que é um negócio para poder gerir isso”, destaca Padroni.
Hoje a área de tecnologia da PX tem cerca de onze pessoas, contando com parceiros, sendo dois consultores focados na célula SAP. A empresa como um todo possui 210 funcionários diretos e mais de 800 terceirizados.
O processo da PX existe desde 1954, quando foi estruturado pela Petrobras para explorar Xisto em São Mateus do Sul, no interior do Paraná. Em 1991, teve início a produção em escala industrial.
Hoje, a companhia é responsável por 40% do mercado de óleo e combustível da Região Sul do Brasil, já que o óleo do xisto refinado é similar ao petróleo de poço.