
Nelson Sirotsky. Foto: Carin Manndelli.
A RBS, grupo gaúcho que está entre os maiores do Brasil na área de comunicação, acaba de fazer uma reorganização societária, trazendo um novo grupo de acionistas, incluindo Nelson Sirotsky, o ex-CEO da companhia e filho do fundador.
As mudanças se dão por meio de uma compra de valor não revelado pelo TKPar, um veículo de investimento montado por Nelson Sirotsky e Fernando Tornaim, um empreendedor com um longo histórico de relacionamento com a RBS.
O plano é que a TKPar compre as participações de integrantes da família Sirotsky, assumindo o controle da empresa até o final de 2024.
E quem é a tal TKPar? Segundo revela do Brazil Journal, “pelo menos outros cinco empresários gaúchos” participam da empreitada, mas não querem aparecer.
A nota da RBS sobre ela mesma também faz mistério, falando apenas em “outros empresários gaúchos dos setores imobiliário, agronegócio e áreas financeira e de inovação”.
(A reportagem do Baguete promete descobrir até o final da semana quem é o representante da área de inovação).
Tornaim, a outra cara visível do TKPar, tem um perfil próximo do universo da comunicação.
Aos 18 anos, ele fundou o Kzuka, uma plataforma de comunicação voltada para o público jovem comprada pela RBS em 2005. Tornaim permaneceu na RBS como executivo até 2012.
Mais recentemente, Tornaim fez uma sociedade com a Rede Globo para criar o Globo Experience, um negócio de parques temáticos que usa o conteúdo da emissora (a RBS é a maior retransmissora da Globo no país).
O primeiro parque estreou em março no Shopping Market Place, em São Paulo, e o plano é chegar a mais 10 cidades.
Na nova estrutura, Nelson Sirotsky, a cara visível do grupo há anos, assumirá o papel não-executivo de publisher, com a responsabilidade de ser “o guardião da linha editorial da empresa”, nas palavras da nota da RBS.
Ao longo do segundo semestre, Nelson criará o Conselho Editorial da RBS, que será integrado por profissionais da empresa e convidados externos.
Tornaim será o vice-presidente de um novo conselho de representantes dentro da empresa, substituindo o atual conselho de acionistas.
Junto com Maurício Sirotsky Neto, filho de Nelson, Tornain também vai liderar a RBS Ventures, o braço da companhia dedicado a novos negócios.
Claudio Toigo, CEO da RBS há seis anos, continuará na posição.
Na avaliação do Brazil Journal, a RBS “até que não fez feio”, no contexto complicado de pulverização da audiência e à canibalização da publicidade offline por gigantes como Google e Facebook
A companhia faturou R$ 900 milhões ano ado, conseguiu manter seu EBITDA estável ao redor de R$ 100 milhões nos últimos cinco anos.
Na média composta dos últimos cinco anos, a receita da RBS declinou 4% ao ano, mas seu EBITDA, apenas 2%.
Tornaim disse ao Brazil Journal que as novas receitas virão de negócios como streaming, espaços e experiências, media for equity e a exploração de novos nichos de conteúdo.