
Projeto da FURG, em conjunto com a prefeitura de Rio Grande e outras entidades, quer aproveitar a projeção bilionária de investimentos da Petrobras na cidade (cerca de US$ 10 bilhões) para criar um parque tecnológico voltado para a indústria naval.
O orçamento estimado para obras de infraestrutura do Oceantec, nome do parque, é de R$ 30 milhões.
A proposta já foi credenciada no Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos (Pgtec).
Um aporte inicial de R$ 1 milhão – à parte do custo orçado da obra – foi pedido ao governo do estado em janeiro. O valor será usado para o desenvolvimento do projeto.
Já os R$ 30 milhões para financiar as obras serão buscados junto a entidades do setor naval e de crédito. A previsão é de que o parque tenha empresas instaladas em dois anos.
Segundo o vice-reitor da FURG, Ernesto Luiz Casares Pinto, o Oceantec é uma questão estratégica para a zona sul do estado.
“Queremos aproveitar o momento para gerar o crescimento sustentável. A Petrobras deve ficar aqui por um bom tempo, mas um dia vai embora. Se nós queremos voltar a ser uma referência na produção naval, devemos pensar na infraestrutura de desenvolvimento e inovação desde agora”, diz Casares.
Potencial de conhecimento
O parque aposta em cinco eixos – construção naval e offshore, obras costeiras e oceânicas, biotecnologia, energia e logística – cada um deles voltado ao desenvolvimento de tecnologias e soluções para o setor.
Na proposta, 35 empresas, incluindo companhias de TI, já manifestaram seu apoio ao parque.
Uma área de cinco hectares (aproximadamente cinco campos de futebol), no Campus Carreiros da universidade federal rio-grandina foi reservada para o Oceantec (Av. Itália km 8 Bairro Carreiros, veja o mapa abaixo).
Hoje, a universidade tem 53 cursos de graduação, sendo 24 em áreas tecnológicas. O corpo docente soma 350 doutores, 202 mestres, 47 especialistas e 155 graduados. A instituição tem 8,5 mil alunos.
“Na FURG temos geração de conhecimento e pesquisa. Agora, queremos criar também uma forma de esses projetos chegarem ao mercado. O Ocenatec deve fazer o meio de campo”, diz Casares.
Segundo Casares, não há previsão de quando o governo gaúcho se posicionará sobre a proposta encaminhada no início do ano, já que era esperada uma posição do executivo já na gestão anterior, o que não aconteceu.
Polo começa a se movimentar
Em visita ao Polo Naval nessa quarta-feira, 16, o governador Tarso Genro prometeu agilizar os trâmites no governo para que as obras do polo se iniciem o quanto antes.
O início da produção pode reforçar o argumento do Oceantec, prevê Casares.
Entre as medidas, estão a elaboração de um Plano Diretor, a contratação de pessoal especializado para que a Fepam possa acelerar a análise e o licenciamento ambiental, acordos com universidades, escolas e instituições de ensino para cursos técnicos, além de um Fundopem para a metade sul.
A visita de Tgarso marcou o início das obras físicas das plataformas, possíveis com a chegada de 5.308 chapas de aço, pesando juntas 20 mil toneladas, desembarcadas no período de 9 a 14 de fevereiro, vindas da Coreia, no navio STX Azalea.
“Não vamos perder o barco”
As peças de metal são suficientes para a montagem de metade de uma plataforma ou casco. O restante das chapas está programado para os próximos meses.
O cronograma prevê que, em 2013, dois cascos estejam prontos – mesma data prevista para instalação das empresas no Oceantec.
Até 2015, a meta é a montagem de quatro plataformas. Para tanto, está previsto o investimento superior a US$ 10 bilhões (construção das oito plataformas), com a geração de 5,8 mil empregos diretos e outros 17,4 mil indiretos.
Investimentos que devem gerar sustentabilidade, defende o vice-reitor, que completa:
“Essa carteira de encomenda nos garante um grande diferencial competitivo, inclusive internacional. Ninguém hoje constrói esse tipo de casco em série. A gente tem que aproveitar esse momento para instalar competência. Nós vamos aproveitar esse barco”.
Veja o mapa Oceantec em uma tela maior