
Brasil começou a vacinação dos grupos de risco. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A Salesforce criou uma versão do seu software de gestão de relacionamento de clientes focado em um nicho de mercado em alta: iniciativas de vacinação de grande porte.
O chamado Vaccine Cloud é focado em autoridades de saúde pública, provedores de saúde e organizações sem fins lucrativos e oferece funções desde o registro e programação do destinatário até a gestão de estoque e a assistência à saúde pública
Baseada na plataforma Salesforce Customer 360, o Vaccine Cloud oferece ainda soluções de mobilidade, bots, recursos de análise e integração.
Em nota, a Salesforce destacou alguns clientes, como o Northwell Health, o maior provedor de assistência médica e sistema de hospitais do estado de Nova York, com 23 hospitais e quase 800 ambulatórios médicos.
Também foram citados o Lake County, um condado de classe alta nos arredores de Chicago, com 700 mil habitantes; a University of Massachusetts Amherst, uma instituição de ensino de ponta e o Gavi, the Vaccine Alliance, uma ONG focada em vacinação em países pobres.
A americana CostalCloud, uma parceira da SalesForce, aplicou a solução em seis condados da Flórida, nos quais residem um quarto dos residentes do estado, vacinando até o momento 75 mil pessoas em uma população de 5 milhões.
“O maior desafio que o mundo enfrenta agora é orquestrar a distribuição de bilhões de doses de vacinas. A tecnologia pode desempenhar um papel crítico para garantir que essa distribuição seja feita de forma eficiente, eficaz e equitativa”, disse Bret Taylor, presidente e COO da Salesforce.
E será que a novidade chega no Brasil? É provável que não, em primeiro lugar por falta de oferta.
Em seu release, a Salesforce cita como parceiros da iniciativa os parceiros estratégicos globais Accenture, Deloitte, IBM e KPMG, mas, como o nome diz, são empresas com práticas globais de Salesforce, o que não permite prever um interesse participar no mercado brasileiro.
Dos nove parceiros “normais” listados pela Salesforce, sete tem operações focadas nos Estados Unidos e um no Canadá, e só um, a Infosys, tem presença no Brasil. Mas a Infosys é uma empresa com um grande portfólio, que pode oferecer ou não esse software em particular no país.
Pelo lado da demanda, o número potencial de clientes é limitado. O maior deles seria o Ministério da Saúde, que opera o Sistema Único de Saúde, através do qual estão sendo distribuídos para os 27 estados, que por sua vez fazem a vacinação através das suas secretarias da saúde.
Até o momento, foram distribuídas 8 milhões de doses, todas as serem ministradas gratuitamente para integrantes de grupos de risco.
O governo federal está muito atarefado no momento tentando obter insumos para fabricar vacinas. Operar um sistema de vacinação é, segundo analistas, algo que o Brasil sabe fazer. Então parece difícil que o governo decida complicar a vida com implementações de software.
Pelo lado da iniciativa privada, o mercado não parece muito promissor. Ainda não há uma previsão de quando as clínicas particulares conseguirão comprar lotes das vacinas contra a Covid-19 que forem aprovadas no Brasil, ou está definido por parte do governo se empresas particulares poderão comprar vacinas por conta própria.
A orientação dos órgãos de saúde nacionais e internacionais é que todas as doses produzidas pelos laboratórios neste primeiro momento sejam direcionadas aos governos, com a finalidade de garantir que as pessoas dos grupos de risco sejam imunizadas o mais breve possível.