
SAP e MarketUP decidiram mexer as peças no tabuleiro. Foto: Pexels.
A SAP acaba de fechar um acordo com a MarketUP, uma startup de software de gestão na nuvem, visando uma venda conjunta do Business One, produto da multinacional alemã focado em empresas pequenas e médias.
Segundo revela o Neofeed, a SAP entra na parceria com o seu software de gestão para o backoffice, enquanto a MarketUp oferece sistemas voltados à linha de frente do varejo, com destaque para os softwares de frente de caixa.
Acima dessa faixa, a empresa cobra uma , mas muitos varejistas começam a demandar uma solução mais robusta na retaguarda, onde entra agora o Business One, oferecido por um valor 60% mais barato do que o de mercado.
As duas empresas não abrem o preço do pacote com o B1, o tamanho do mercado alvo ou muitos detalhes sobre o perfil do cliente potencial, falando apenas em “redes que detém a partir de três lojas”.
O negócio parece ser um daqueles que une a fome com a vontade de comer.
O Marketup tem uma boa base de clientes, mas pode estar atravessando problemas para rentabilizar esse alcance.
O modelo de negócio baseia-se em venda de patrocínio para poucos grandes apoiadores interessados em atingir o público de pequenas empresas. Um dos primeiros grandes clientes foi o Bradesco.
Mesmo para quem cobra, esse mercado não anda para peixe. A Omie, que era uma competidora no mesmo nicho e tem investidores de grife como a MarketUp, decidiu partir para outra e oferecer o seu software para empresas de médio porte.
Já a SAP tem um modelo comercial consolidado, mas a penetração do B1 no mercado simplesmente não aumenta como desejado.
O software foi introduzido no mercado brasileiro em 2005. Faz tempo que a SAP não abre números sobre a quantidade de clientes no país. A última informação da reportagem do Baguete é de 6 mil clientes em 2018.
O número pode ser maior hoje. Daniel Cabrera, diretor da SAP Business One no Brasil, disse ao Neofeed que a operação brasileira é que mais cresce no mundo há três anos.
Mesmo que o número tenha dobrado, ele seria apenas respeitável para um player local, mas pouco para o esforço da SAP até agora e frente ao potencial do mercado.
Segundo a última edição da Pesquisa Anual do Uso de TI, realizada pela FGV, a Totvs lidera o mercado de softwares de gestão para empresas com até 180 funcionários no país, com uma participação de 47%. A SAP ocupa a segunda posição, com 12%.
Já entre as ofertas destinadas especificamente ao varejo, a Linx tem uma fatia de 46,5%.
Uma das primeiras abordagens cogitadas para bombar o B1 era selecionar dois distribuidores no país, a serem anunciados no primeiro trimestre de 2014, o que acabou não acontecendo.
Em agosto de 2014, a empresa colocou uma versão simplificada do B1 a venda por R$ 300 mensais o usuário, em parceria com o Bradesco e a American Express. O pagamento do serviço é feito unicamente pelo cartão, que é emitido pelo banco.
No ano seguinte, foi a vez de fechar uma parceria com a Elavon, player no mercado de pagamentos com 1,2% de share no mercado brasileiro na época. Nunca mais se falou das duas parcerias.
O negócio com a Elavon, aliás, é uma espécie de precursor da oferta da Stone pela Linx, no sentido em que contava com gerar sinergias entre o mundo de pagamentos e de sistemas de gestão.
A oferta da Stone pela Linx gerou um grande enrosco e agora está indefinido se a companhia ficará mesmo com a Rede, será vendida para a Totvs ou ainda para a Rede, que parece correr por fora.
Qualquer desdobramento não parece muito bom para a SAP. Se o negócio sair para o lado das operadoras de pagamentos, a Linx se tornará um player ainda mais forte no varejo, um dos mercados potenciais não só do B1, mas de toda o portfólio da SAP.
Se o negócio sai para o lado da Totvs, a concorrente brasileira verá a sua posição ainda mais reforçada, complicando os esforços da SAP para penetrar no mercado de médias empresas de maneira geral.