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Participantes do SAP LGBTI Summit.
A SAP promoveu na sexta-feira, 06, a segunda edição do SAP LGBTI Summit, evento da multinacional alemã focada no tema de diversidade sexual, no SAP Labs Latin America, centro de desenvolvimento e e da multinacional alemã em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre.
O evento teve a participação de 100 líderes de empresas que já realizam ações para as causas LGBT ou que pretendem desenvolver algo com o tema.
Alguns dos participantes, como Dell e HP, já mantém iniciativas mais avançadas em relação ao assunto. A Dell foi inclusive patrocinou em conjunto com a OAB um dos trios elétricos da Parada Gay de Porto Alegre neste domingo e a HP promoveu um evento de temática similar no Tecnopuc em maio.
Outras multinacionais, como ADP e Thoughtworks não fizeram nenhuma divulgação nesse sentido, mas provavelmente mantém programas de diversidade, iniciativas que já se tornaram padrão no setor de tecnologia nos Estados Unidos, onde ambas companhias estão sediadas.
No entanto, a participação de outras empresas brasileiras como E-core, Sicredi e Totvs mostra que o tema já está merecendo mais atenção dos gestores brasileiros.
“Estudos demonstram que colaboradores que se declararam homossexual ou bissexual no ambiente de trabalho atingem um ganho de produtividade bem maior. Neste evento, vamos discutir vários temas sobre o ambiente inclusivo", comenta o líder de Diversidade e Inclusão da SAP na América Latina, Niarchos Pombo.
As ações em relação ao tema na SAP vão desde mudanças corriqueiras visando minar a chamada heteronormatividade, como usar o termo “acompanhante” em convites internos, até a participação em decisões mais sérias como apoiar um colaborador a mudar de sexo.
A exemplo do que acontece na Dell e HP, as ações são conduzidas por um grupo interno chamado Pride@SAP do qual podem participar funcionários de qualquer orientação sexual.
O evento trouxe palestrantes de peso como a presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB, Maria Berenice Dias, e da assistente de Programas da ONU, Andrea Ribeiro Bosi.
Pouco a pouco, grandes companhias do setor de tecnologia estão repetindo por aqui o posicionamento pró-gays que já é quase uma regra no setor de tecnologia nos Estados Unidos.
A SAP do Brasil assinou recentemente a Carta Compromisso do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, com 10 compromissos das empresas com a promoção dos direitos humanos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
O Fórum foi criado em março de 2013 e conta com a participação de 80 companhias incluindo Carrefour, IBM, Accenture, Alcoa, Basf, Caixa, Dow, HSBC, P&G e PwC.
O novo posicionamento das multinacionais de TI é uma novidade no país onde o setor de TI concentram seus esforços de lobby em torno de uma agenda muito mais estritamente setorial, em torno de temas como impostos ou formação de mão de obra.
Fora dessa pauta, as atividades mais comuns focam em responsabilidade social corporativa e sustentabilidade, dois temas bem menos controversos no país do que o movimento LGBT.
A participação ainda está nos estágios iniciais se comparada com os Estados Unidos. A última parada gay de São Francisco contou com a participação de funcionários identificados da SAP, Salesforce, LinkedIn, Google, Facebook, Dropbox, Yahoo, Uber, Twitter e Apple.
Em abril, 70 altos executivos de empresas de TI americanas am uma carta aberta pedindo ao governo americano para aumentar as proteções legais para a população LGBT no país, após o estado de Indiana aprovar uma lei que permite a estabelecimentos comerciais negarem serviço a homossexuais por motivos religiosos.
am o documento nomes como Marc Benioff (Salesforce), Dick Costolo (Twitter), John Donahoe (Ebay), Charles Phillips (Infor), Satya Nadella (Microsoft) e Gary Moore (Cisco).
O argumento das empresas de TI por pressionar por leis garantindo direitos iguais para os gays é que elas favoreceriam a atração de talentos.
Também é verdade que a maioria dessas companhias tem sede na área de São Francisco, tida como a cidade mais liberal dos Estados Unidos, ou em regiões com uma orientação ideológica parecida, o que torna direitos gays uma bandeira de responsabilidade social corporativa de pouco risco.
Desde 2010, pesquisas apontam que a maioria dos americanos é favorável ao casamento gay. Mais de 70% da população reside em estados onde a união gay é legalizada.
Recentemente a Suprema Corte do país decidiu que os estados não tem o direito de aprovar legislação proibindo uniões gays, encerrando o debate no restante do país.
No Brasil, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou em 2013 uma resolução que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A medida, no entanto, é produto do ativismo do movimento gay no judiciário e não parece um bom indicador do verdadeiro clima social e político do Brasil em torno do assunto.
Ele talvez seja melhor medido pela discussão em torno do projeto de lei que criminaliza a homofobia e tem gerado fortes debates no Congresso Nacional, com opositores vocais na bancada evangélica e setores mais conservadores da sociedade (um levantamento do G1 no começo do ano mostrou uma maioria de 50,8% em favor da lei, numa pesquisa sem abrir nomes).