
Santa Catarina está despontando como um polo nacional de Indústria 4.0. Foto: Sisplace.
Santa Catarina está despontando como um polo nacional de Indústria 4.0, com a repetição de uma articulação entre academia, indústria e empreendedores que já foi bem sucedida no ado.
Cunhado na Alemanha, o termo designa principalmente um novo tipo de manufatura com um uso pesado de sensores dentro da chamada Internet das Coisas, mas também produção automatizada e análise de grandes volumes de dados na nuvem.
Com um setor de TI e industriais fortes, Santa Catarina está numa posição privilegiada nesse assunto.
Uma das movimentações nesse sentido foi de um convênio focado em Indústria 4.0 entre Fiesc, Senai-SC, UFSC a Fundação Certi, um centro de pesquisas e serviços para indústria baseado em Florianópolis, com diversas grandes empresas entre seus associados.
Essa é a segunda movimentação nesse sentido da federação de indústrias catarinense.
Em agosto, a Fiesc criou em parceria com a Pollux Automation e a Embraco a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII).
A associação está sediada em ville, centro industrial e berço da indústria de TI em Santa Catarina.
Internet industrial é mais um termo chave na Indústria 4.0, tendo que ver com os padrões abertos necessários para implantar tecnologias como IoT em grande escala.
Os catarinenses estão seguindo de perto os os da Consórcio de Internet Industrial - IIC, uma iniciativa criada em 2014 nos Estados Unidos, com o mesmo fim, com fundadores como AT&T, IBM, GE e Intel.
Hoje a entidade reúne 250 associados de mais de 30 países, mas a Pollux, uma companhia de automação industrial sediada em ville, é a única brasileira participante de que se tem notícia.
A movimentação não acontece só em nível de grandes entidades e empresas. O estado também já conta com startups de potencial, com soluções de nicho envolvendo o conceito.
A Sensorweb, que desenvolve de IoT para o mercado de saúde, instalada no Midi Tecnológico em Florianópolis, recebeu o título de melhor incubada do Brasil pelo Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador 2016.
Em Chapecó, no coração do agronegócio catarinense, a PackID, desenvolveu uma etiqueta adesiva com nanosensor de temperatura que auxilia o mercado de alimentos resfriados e congelados a monitorar os produtos em tempo real.
A empresa recentemente participou junto com outras cinco brasileiras (todas oriundas de Santa Catarina) de um programa de aceleração organizado pela rede internacional INAM (Innovation Network Advanced Materials) em Berlim com 15 companhias de todo o mundo em Berlim.
Em fevereiro, a Udesc, uma instituição de ensino superior em ville, terá um evento temático sobre IoT, no qual empreendedores deverão criar um produto minimante viável com a tecnologia em até 54h.
A combinação de cooperação entre grandes indústrias, centros de pesquisa e startups inovadoras deve ajudar a fazer decolar o IoT no estado.
A equação é fácil: sem aproximação com a indústria, é impossível saber o que a indústria precisa, sem saber o que a indústria precisa, é imposível entregar o ROI rápido que é determinante quando o assunto é justificar investimentos em novas tecnologias no momento, não importando o volume do buzz em torno de um tema como IoT.
Uma pesquisa encomendada pela Cisco e Intel com a Pyramid Research apontou que reduzir custos é a prioridade quando o assunto é IoT para 60% dos entrevistados no Brasil.
Em termos de retorno, 46% quer ver o investimento pago entre seis meses e um ano.
Finalmente, com o nível de organização já existente no estado em torno do tema, é provável que a indústria e academia catarinenses sejam protagonistas na determinação das prioridades do governo e da regulamentação em torno do tema, um fator que nunca pode ser esquecido no Brasil.
Recentemente, Brasília abriu uma consulta pública para a criação do Plano Nacional de Internet das Coisas, uma iniciativa do governo federal que orientará a política pública em torno do tema de 2018 até 2023, a um custo R$ 17 milhões.