
Novo governo, nova política de nuvem? (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)
O Serpro fechou um contrato de R$ 32 milhões para atuar como intermediário para contratação de nuvens públicas do Ministério da Saúde, função conhecida no jargão de tecnologia como “broker”.
A contratação, fechada com dispensa de licitação, foi divulgada no Diário Oficial no apagar das luzes do governo Bolsonaro, nesta terça-feira, 27. O valor total é de R$ 32.094.474,48.
O texto no DOU informa o preço até nos centavos, mas não diz o que exatamente o Ministério da Saúde está comprando.
O Ministério da Saúde já tem a AWS como fornecedora de nuvem e a EDS, como broker.
O Serpro tem uma palheta maior de fornecedores para oferecer.
A estatal federal de tecnologia vem fechando acordos com todos os grandes players de nuvem desde 2019.
A AWS foi a primeira a entrar, com um contrato de R$ 71,2 milhões ainda em 2019. Depois vieram Huawei (R$ 23 milhões), Microsoft (R$ 22,6 milhões), Oracle (R$ 41,5 milhões) e IBM (R$ 40,3 milhões).
As condições são sempre as mesmas: contratos de cinco anos, nos quais os valores fechados são apenas uma base, cuja concretização vai depender de quanto o Serpro vai efetivamente vender no final.
Todos os acordos são diretos, sem licitação, com base em uma dispensa prevista na Lei de Estatais.
O modelo de atuação do Serpro prevê a composição do preço final a partir de duas contas: a unidade de serviço de nuvem, pertencente ao parceiro, e a unidade de serviço técnico, que é a parte do Serpro na equação.
O acordo divulgado com o Ministério da Saúde é o segundo e até agora o maior já fechado pelo Serpro.
Em setembro, a Receita Federal contratou o Serpro para atuar como broker por um valor total de R$ 13,6 milhões.
A contratação foi divulgada no Diário Oficial, onde a Receita explicou que fez a compra por meio de dispensa de licitação, uma vez que o Serpro é “tecnicamente a escolha mais adequada e mais vantajosa para a istração”.
VEM MUDANÇAS POR AÍ?
A atuação do Serpro como um broker de nuvem não acontece no vácuo. Nos últimos tempos, cada vez mais órgãos públicos optaram por migrar sua infraestrutura para as nuvens dos grandes players internacionais de cloud computing.
Será interessante observar o que o novo governo empossado oficialmente neste domingo, 1, vai fazer sobre o assunto.
No final de novembro, César Alvarez, um dos integrantes da transição do governo Lula, disse que a adoção de nuvem no governo da maneira atual era uma “irresponsabilidade”, a ser corrigida com um movimento de “voltar para uma política de data centers”.