John Miller, durante seu keynote no Solid Edge University.
A Siemens PLM, dona do software de design 3D SolidEdge, está adotando uma posição cautelosa em relação a software em nuvem, ao mesmo tempo em que toma medidas que podem permitir uma oferta cloud no futuro.
"Na indústria de CAD, ouvimos muitos os vendedores falando sobre cloud computing e pouco os compradores", resumiu Dan Staples, VP de desenvolvimento do Solid Edge, durante sua apresentação no Solid Edge University
A teoria de Staples é secundada por alguns levantamentos. Uma pesquisa da consultoria inglesa Business Advantage com 635 gerentes de CAD sobre 15 tecnologias diferentes mostrou um interesse glacial por cloud computing.
O modelo de serviço ficou no quadrante de pouco uso e pouco importância, junto com outras novidades hypadas como big data e realidade aumentada. Simulação, PDM, PLM e o mobile a softwares de CAD ficaram no quadrante mais promissor.
Com arquivos de trabalho pesados e cheios de propriedade intelectual, softwares de CAD não são o alvo mais promissor para uma abordagem baseada em cloud computing. Além disso, o ramo de manufatura é tradicionalmente conservador.
Também é verdade que os usuários de qualquer software tão central para a rotina de trabalho como o Solid Edge não gostam de mudanças radicais.
Mesmo assim, é possível argumentar que, mesmo num ritmo mais lento do que concorrentes como a Autodesk e SolidWorks (para não falar em players 100% online como a OnShape, criada por ex-fundadores da SolidWorks), a Siemens PLM também está dando os significativos em relação ao assunto cloud computing.
O primeiro deles foi a abertura da opção de rodar o trial do SolidEdge na nuvem, além de baixar a instalar o software como era feito tradicionalmente. O software pode ser executado online com todas as suas funcionalidades.
Além disso, a companhia já oferece a possibilidade de fazer pagamentos mensais pelo licenciamento do software que os clientes rodam localmente, dentro do mesmo modelo de pagamento por uso que os players de SaaS usam.
Isso quer dizer que a Siemens PLM projeta em breve uma entrada mais agressiva em uma oferta de cloud computing, em um futuro próximo? Não necessariamente, de acordo com John Miller, VP da Siemens PLM responsável pela área de mainstream engineering da companhia.
“Queremos fazer coisas que façam sentido para os clientes e não apenas surfar ondas de hype da industria de TI”, resume Miller.
Miller garante que a estratégia da Siemens é agregar novas modalidades de venda de software, e não substituir as antigas pelas novas. “Nós vamos seguir vendendo licenças perpétuas, se o usuário quiser”, garante o executivo, em uma referência direta à Autodesk, que decidiu recentemente acabar com esse tipo de licenciamento.
No ano ado durante o mesmo evento, o então responsável pela área de SolidEdge, Karsten Newbury (o executivo não está mais na companhia) revelou pela primeira vez a base de licenças do software: com 500 mil, a Siemens estaria em segundo lugar nesse mercado, atrás apenas da líder SolidWorks, já na faixa do milhão.
A SolidWorks, aliás, não foi mencionada no evento, o que também foi uma novidade. Executivos da área de mainstream engineering costumavam falar abertamente dos problemas na estratégia da concorrente, que nos últimos fez uma algo desastrada entrada no mercado de cloud.
No final das contas, a SolidWorks conseguiu lançar seus softwares na nuvem, que se revelaram soluções complementares ao produto tradicional, que não sofreu uma migração radical conforme previsto por boa parte da concorrência.
Maurício Renner cobriu o Solid Edge University em Cincinnati a convite da Siemens PLM.