
Pesquisa realizada com os leitores do Baguete Diário indica que 75% dos participantes já pensaram em trabalhar com TI fora do Brasil, sendo que 28% chegaram a se informar sobre as possibilidades de trabalho no exterior. Foram 301 votos, no total.
E para onde eles pensam em ir?
Outra enquete, com 752 participantes, aponta 36% de preferência pelo Canadá, o líder de escolha na votação.
O agrado é recíproco. Uma província especificamente – o Québec – olha a TI brasileira com atenção especial.
“Os brasileiros têm uma boa atitude. São positivos, sorridentes, calorosos... se integram bem nas empresas. São bem-vindos”, diz Thomas Amy, vice-presidente da recrutadora de TI canadense Alteo.
Portas abertas aos imigrantes
Região de clima frio e mercado de trabalho aquecido para engenheiros e cientistas da computação, o Québec aposta na oferta de vagas, salários altos e qualidade de vida para atrair profissionais de outros países.
São mais de 6,8 mil empresas de TIC somente na província.
Segundo o Conselho das Tecnologias de Informação e Comunicação, os profissionais formados no exterior respondem por 8% do total de contratados da área atualmente.
Dos 14 perfis de formação necessários para atender o mercado, apenas três chegarão com equilíbrio entre demanda e oferta de mão de obra ao fim de 2011. Em quatro anos, porém, a carência atingirá todas as especialidades.
A lacuna que se alarga leva à alta nas ofertas de emprego. No site de vagas jobboom.com são 278 vagas para profissionais da área de informática, dentro da indústria de TI.
De acordo com o escritório de migração, os salários ficam em torno de US$ 64 mil ao ano. Já o cálculo de gasto mensal é entre US$ 2 mil e US$ 3 mil, incluindo transporte e lazer. Pesquisa realizada no final do ano ado com profissionais da área de software no Brasil apontava o salário mensal máximo no Rio Grande do Sul em US$ 2,8 mil.
Além disso, o Canadá tem o oitavo melhor IDH do mundo - o Brasil é o 73º.
Venez-vous
Há 30 anos o Québec está aberto aos novos quebequenses.
No Brasil, a divulgação do programa de migração se dá desde 2005. Em 2008, com a abertura de um escritório de imigração em São Paulo, o contingente de brasileiros desembarcando em Montreal – destino de 80% dos imigrantes do Brasil – aumentou.
Conforme Soraia Tandel, coordenadora do bureau de imigração do Québec em São Paulo, o processo demora de oito a 14 meses, a partir do envio dos documentos ao bureau quebequense brasileiro.
“A grande diferença para outros processos de obtenção de visto é que o candidato sabe na hora se é aprovado ou não”, enfatiza Soraia.
No processo, os candidatos recebem pontos de acordo com a idade, domínio de francês, profissão, experiência profissional e contato com a província.
A ideia é ver se a pessoa tem condições de mudar e ficar no Québec.
Além de ter quase todos os direitos e deveres de um cidadão canadense, o participante aprovado no processo pode, após três anos de residência no país, pedir o aporte canadense.
Do Sul para o Norte
Porto Alegre e Curitiba estão entre as 10 cidades com a maior solicitação de Certificados de Seleção do Québec (CSQ), diz Soraia. O documento agiliza a obtenção do visto de trabalho e residência no país, concedido pelo governo federal.
Entre as “vantagens” dos sulistas está a familiaridade maior com o frio – apesar de as mínimas em torno de 1ºC não se compararem às nevascas de - 15°C canadenses.
"Não conheci ninguém da TI desempregado"
Saído de Porto Alegre há quase 11 meses, o gaúcho Marcelo Schwanck Lopes, 29 anos, trocou cinco anos no mercado de trabalho da capital gaúcha por uma empresa na cidade do Quebéc.
Lá, o santa-cruzense é desenvolvedor Java Sênior na manutenção do principal produto de uma empresa cujo nome prefere não revelar – "tem sede em San Francisco (Estados Unidos)" é o limite de detalhes que se ele permite dar.
Lopes começou a trabalhar apenas três semanas após chegar em Québec.
“Ainda não conheci ninguém da área de TI que esteja sem emprego”, diz o emigrante do Brasil, relatando que recebe inúmeros e-mails de vagas em TI nas mais diversas áreas.
Entre as vantagens da área está a validade do diploma, que dispensa validações ao chegar no novo país.
Os outros atrativos que pesaram para a mudança estão no próprio Québec.
“Queria qualidade de vida. O fato de morar com a família em um lugar extremamente seguro onde as casas não tem muros nem grades, de andarmos a pé à noite sem a mínima preocupação, de sabermos que nossos filhos terão uma educação de qualidade, de termos um sistema de saúde que podemos confiar e morarmos em uma das cidades mais bonitas do Canadá... isso sim pesava para nós e sim valeu muito a pena a mudança”, avalia.
Mais informações sobre o processo de migração podem ser obtidas no site relacionado abaixo.