
Monashees acredita que não vai dar. Foto: Depositphotos.
A Monashees, um dos maiores fundo de investimento do país, divulgou um relatório para investidores no qual indica pouca esperança de recuperação da Facily, ex-unicórnio de social e-commerce hoje em apuros.
O documento foi obtido pelo Neofeed. Segundo o site, a Monashees informa nele que o “gross multiple” do investimento que fez na Facily é zero.
Traduzido do jargão do pessoal da área de investimentos, isso significa que o fundo não espera ter nenhum retorno do capital aportado na Facily.
A Monashees fez aportes no começo da trajetória da Facily, fundada em 2018, por alguns nomes de peso, incluindo Diego Dzodan, ex-country manager da SAP no Brasil.
Ao todo, a Facily captou US$ 502 milhões, de uma lista com pesos pesados globais como Tiger Global e Luxor Capital, além de outros fundos brasileiros como Canary e Bossanova.
No final de 2021, a empresa foi avaliada em US$ 1,1 bilhão, atingindo o almejado status de unicórnio.
Entre janeiro e outubro de 2021, o número de usuários na plataforma saltou de algumas centenas de consumidores para 7,1 milhões, atingindo 15 milhões no pico.
O crescimento não foi lá muito ordenado. O Facily foi recordista em reclamações do Procon com mais de 150 mil queixas em 2021.
Os investidores começaram a ficar mais reticentes no começo de 2022.
Segundo o Neofeed já tinha apurado, o volume de vendas totais da Facily, que chegou a ficar em R$ 30 milhões mensais, caiu 90%.
A empresa cortou 80% da equipe, indo de 1 mil funcionários para 200, e ficou focada só no estado de São Paulo.
Em entrevista ao NeoFeed em abril deste ano, Dzodan disse que a Facily não era uma empresa zumbi e que a posição de caixa atual da Facily era saudável, que ele acreditava numa virada de rumos para o negócio.
É ASSIM QUE OS FUNDOS FUNCIONAM
Apesar de ter um peso negativo para a Facily, a decisão do Monashees é um procedimento padrão de fundos, segundo explica o Neofeed.
A gestora não saiu do quadro de acionistas da Facily, mas sinalizou aos seus investidores que não espera ter retorno do investimento, o que é normal num fundo atuando em capital de risco.
No mesmo relatório obtido pelo Neofeed, por exemplo, a Monashees também sinalizou que não estava tendo o retorno esperado em empresas como o Uber dos ônibus B, o e-commerce MadeiraMadeira, a construtech Loft, a empresa de crediário online Addi e a de e-commerce para pets Petlove.
No sentido contrário, os ativos com os melhores retornos são a Nowports, a Frubana e o banco digital Neon.
No cômputo geral, este fundo da Monashees, que tinha 14 empresas investidas, viu o valor das empresas cair de US$ 181,6 milhões, em 2021, para US$ 137,7 milhões, em 2022, uma queda de 24,1%.
Os altos e baixos fazem parte do modelo de negócio de um fundo. Algumas apostas dão certo, outras tantas não. Para completar o quadro, havia muito capital disponível entre 2020 e 2021, o que acabou inflando muitas avaliações.