Tamanho da fonte: -A+A 2vl4s

Uber vindo para a capital gaúcha? Foto: divulgação.
Já presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, o Uber está com uma nova cidade na mira para expandir no país: Porto Alegre.
A empresa listou nesta quinta-feira, 25, a vaga de gerente geral da companhia na capital gaúcha na sua página de oportunidades. A empresa busca um profissional com experiência (seis anos ou mais) na área de marketing e gerência.
Na descrição das atividades a serem feitas, o executivo terá o papel de desenvolver o ecossistema do serviço na cidade, representar a marca junto a lideranças locais e, no que parece ser o papel mais complicado no momento, "lidar com preocupações regulatórias e políticas locais".
Apesar da listagem em sua página, o Uber Brasil afirmou à reportagem do Baguete que não tem planos de expansão para o país no momento, mantendo-se apenas nas quatro cidades em que já atua.
No entanto, parece óbvio que a empresa não contratará um gerente na cidade para nada. Provavelmente, a estratégia de negar a chegada em Porto Alegre visa evitar o desgaste esperado com taxistas e reguladores locais.
Desde maio de 2014 no Brasil, o app levantou polêmicas e desafetos onde chegou, principalmente do lado dos taxistas, que aram a disputar espaço com os motoristas do serviço. De acordo com a companhia, 5 mil motoristas trabalham usando a plataforma, que já teria transportado 500 mil pessoas.
No mês ado, a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou, em primeira discussão, a atualização da lei que regula o transporte individual remunerado, restringindo este tipo de transporte a condutores licenciados - o que impede a atuação do Uber.
Nesta sexta-feira, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também acenou para a regulamentação do serviço, algo que deve ocorrer na capital paulista em até dez dias. A declaração acontece duas semanas depois da câmara aprovar um projeto de lei para a proibição do aplicativo na cidade.
A reportagem do Baguete Diário questionou sobre o tema o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, minutos antes de um evento na prefeitura nesta sexta, 25.
"Temos uma legislação sobre isso (transporte remunerado de ageiros) e vamos fazer valer a lei", se limitou a afirmar o prefeito, que preferiu não fazer maiores comentários sobre assunto, um tema espinhoso para políticos, que ficam divididos entre desagradar os taxistas, uma minoria mobilizada, ou parecer avessos a novas tecnologias, um pecado mortal nos dias de hoje.
No caso de Porto Alegre, a atual legislação só permite o exercício de serviços remunerados de transporte para motoristas registrados junto à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o que inviabiliza o início do Uber na capital gaúcha.
Entretanto, segundo a EPTC, as portas da cidade não estão fechadas para a multinacional. Para a entidade, assim como os taxistas, a companhia é bem vinda para um diálogo com o setor, com o objetivo de regulamentar o serviço na cidade.
Atualmente a capital gaúcha tem 3.920 táxis em circulação, com 10 mil motoristas credenciados a operá-los. Para a EPTC, a chegada do Uber, se regulamentada e alinhada com os taxistas, pode ser benéfica para a cidade.
Segundo a assessoria da EPTC, este ano a empresa se reuniu com o sindicato da categoria (Sintaxi) para discutir uma possível chegada no Uber por aqui. Em conjunto, foi definido que é melhor manter o diálogo aberto e não reproduzir as polêmicas que o serviço teve em outras cidades do país.
"Não somos contra a economia solidária e o desenvolvimento, mas temos uma lei a ser cumprida", afirmou recentemente o diretor da EPTC, Vanderlei Cappelari.
Em meio a todos os imes locais enfrentados pelo Uber, nesta sexta-feira, 25, uma voz "de cima" deu seu parecer sobre a regulamentação do serviço. Segundo a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Fátima Nancy Andrighi, só uma lei federal pode proibir o app de transporte.
Segundo ela, as recentes decisões de governos estaduais para regulamentar ou proibir a atuação do aplicativo de transporte Uber não devem durar, caso pedidos de contestação cheguem ao Supremo Tribunal Federal.