
Aldo Rebelo é o novo ministro. Foto: Agência Brasil
Aldo Rebelo (PCdoB), ex-ministro dos Esportes, é o novo ministro de Ciência e Tecnologia.
O nome do capixaba fez parte de uma lista de 13 nomes divulgados nesta terça-feira, 23. Com a entrada de Rebelo, a presidente Dilma Rousseff muda a orientação das nomeações para a pasta de C&T, que desde o começo de 2012 vinha sendo líderada por perfis oriundos da área técnica.
(Os últimos dois nomes a serem titulares foram Marco Antonio Raupp, ex-diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Clelio Campolina Diniz, ex-reitor da UFMG).
Não é o caso de Rebelo, um político que tem ocupado cargos de algum destaque nos últimos anos. Desde o governo Lula, o deputado assumiu a presidência da Câmara, foi ministro da Coordenação Política e líder do governo.
Desde 2011, Rebelo era ministro dos Esportes, durante o período crítico precedendo a Copa do Mundo.
Um político de perfil discreto, Rebelo ficou conhecido no cenário nacional por projetos com tintas nacionalistas, com um certo ar de Policarpo Quaresma.
O mais famoso deles foi uma tentativa de proibição de estrangeirismos, uma lei que causou muito barulho ainda em 1999. Em 2003, Rebelo tentou criar o Dia Nacional do Saci Pererê, como uma maneira de combater a influência nesfasta da adoção da celebração americana do Halloween.
De maneira um pouco mais preocupante tendo em conta suas novas atribuições como ministro de Ciência e Tecnologia, Rabelo, filiado ao PCdoB desde 1977, propôs em 1994 uma uma lei exigindo que, antes de implantar qualquer nova tecnologia, os responsáveis em todos os níveis de governo devessem provar que os benefícios seriam superiores ao "custo social" das demissões de funcionários públicos. A matéria vagou pela Câmara até ser reprovada em 2011.
O viés legislativo, como diríamos, ludita-barnabé, também apareceu em outro projeto, contra a adoção de sistemas de catraca eletrônica nos veículos de transporte coletivo de ageiros.
Agora, resta saber como as ideias de Rabelo (e do PCdoB de maneira geral, uma vez que o ministério é o único comandado pelos comunistas) influenciarão na orientação futura da ciência e tecnologia no Brasil.
Apesar de não ser disputado a ponta de faca pela base aliada (o PCdoB foi deslocado para a C&T para abrir um espaço para o PRB nos Esportes, enquanto o PMDB levou ministérios filé como o de Minas e Energia e salmão, como o da Pesca), o ministério de Ciência e Tecnologia tem lá seu poder.
Com um orçamento de R$ 7,2 bilhões em 2013, o MCT controla a Finep, que ao longo dos últimos anos tem direcionado mais financiamento a empresas privadas, além de organismos como a CNPq, a maior fonte de recursos para a pesquisa acadêmica no país.
Em conjunto com outros ministérios, também é uma das coordenadoras do Ciência sem Fronteiras, que já enviou 62 mil alunos ao exterior até março de 2014.
Talvez um assunto mais preemente seja o Ceitec, centro de fabricação de chips controlado pelo governo federal que atualmente parece estar sem rumo em Porto Alegre.
No começo de novembro, o Ministério Público Federal apontou irregularidades em um concurso público realizado em 2012 que poderiam levar à demissão de boa parte dos funcionários. O centro é comandado por um presidente internino desde agosto de 2013.
Nos últimos anos, começou a circular a ideia de privatizar (conceder ou fazer uma PPP, para quem quiser usar eufemismos) o centro, no qual o governo federal já colocou mais de R$ 670 milhões desde 2000 e ainda não tem produção autônoma, usando serviços de terceiros.
Rebelo que enquanto ministro dos Esportes defendeu enérgicamente a construção das arenas “elefante branco” em Manaus, Cuiabá e Natal, não parece nem de longe o homem para a missão.