A indústria nacional de software cresce, mas ainda enfrenta obstáculos intransponíveis que sufocam o setor. O governo concorre com as empresas de TI e vem aumentando a contratação de profissionais de informática, de forma que a iniciativa privada não tem como competir.
É o que afirma o vice-presidente da Assespro Nacional, Luís Mário Luchetta. Segundo o dirigente, o empresário nacional precisa de uma postura menos intervencionista dos governos, pois estes estão se intrometendo em uma área que não é a deles.
"O setor não luta por benefícios ou reserva de mercado, deseja apenas que a área governamental, nas esferas federal, estadual e municipal, foquem suas ações para atividades-fim, deixando para a iniciativa privada os serviços para as quais não tem aptidão", afirma Luchetta.
O vice-presidente cita o exemplo do TST - Tribunal Superior do Trabalho, que teve que romper um contrato com o Serpro porque, apesar de vários adiamentos, um serviço de TI não foi entregue, e agora busca solução na iniciativa privada.
Para Luchetta, se o governo mudar de postura irá fortalecer a indústria nacional de software e de serviços de TI, já que ao dar prioridade à iniciativa privada na criação de soluções tecnológicas e incentivar a mão de obra especializada, o setor, além de ter reconhecimento governamental, ganhará corpo para buscar as exportações de seus produtos.
Ainda segundo o dirigente, duas medidas precisam ser tomadas imediatamente pelo poder público. A primeira delas é não adotar a redução da carga horária para 40 horas, visto que com os encargos adicionais as empresas perderiam em competitividade, argumenta ele. E a segunda é dar andamento ao projeto que regula a terceirização.
"As empresas nacionais de TI têm competência, mão de obra e expertise para competir com qualque multinacional porque o produto ‘made in Brasil’ tem cada vez conquistado mais o mercado internacional. O que precisamos, e é muito pouco, é que alguém veja o setor como fonte de receita na balança comercial”, enfatiza Luchetta.