
Cliente brasileiro está protegido dos aumentos de preço. Foto: Depositphotos.
A SAP não vai aplicar no Brasil o aumento dos preços de e anunciado recentemente pela matriz na Alemanha.
Na semana ada, a SAP comunicou que ia reajustar no começo de 2024 os contratos de e ao redor do mundo de acordo com os índices de inflação locais, até a cifra máxima de 5%.
No ano ado, a gigante de software empresarial já tinha anunciado a mesma medida, na ocasião com um teto de 3,3%. Nas duas ocasiões, o Brasil ficou de fora, segundo disse ao Baguete a subsidiária local.
“Os contratos locais possuem cláusulas específicas que delineiam nossa política local de preços e reajustes. Nenhum reajuste de preço adicional será aplicado aos contratos vigentes, que seguirão os termos acordados contratualmente”, aponta a SAP em nota enviada ao site sobre o novo reajuste.
É um fato interessante que o Brasil fique de fora de uma política mundial de reajustes. A SAP não dá mais detalhes sobre o assunto, o que é normal: grandes empresas de software corporativo não gostam muito de abrir detalhes sobre sua política de preços.
De qualquer maneira, a SAP vai perder algum dinheiro no Brasil com a decisão de não subir os preços. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), uma das medições da inflação mais usadas no país, o reajuste para 2023 teria ficado em 3,3% e a de desde ano ficaria perto do teto, em 4,95%.
Agora é ver quanto tempo isso dura. Reajustes de acordo com a inflação não eram a prática comum na SAP por muitos anos. Com um ciclo inflacionário em curso no mundo, a política mudou e as indicações são de uma nova realidade.
(Não só na SAP, aliás, a Salesforce anunciou um reajuste de preços numa média 9%, o primeiro aumento há sete anos).
O CFO da SAP, Dominik Asam, já disse em uma conferência com analistas em maio que a multinacional tinha “mimado” os clientes, absorvendo durante anos os incrementos de custos. Segundo Asam, a empresa tem a capacidade de “rear a inflação”.
ESTRATÉGIA?
Para os clientes da SAP, os aumentos do preço do e representam um incremento significativo dos custos. Em um contrato típico, o e custa anualmente 22% do preço da licença adquirida.
O e garante updates de segurança e modificações para atender requisitos legais, por exemplo.
Para a SAP, os reajustes são uma forma de aumentar a rentabilidade da empresa, o que vem sendo cobrado pelos acionistas.
Alguns analistas, porém, veem algo mais por trás da decisão de subir os preços do e, uma decisão que se aplica só a software vendido no modelo on-premise, no qual ainda estão a maioria dos clientes da SAP.
Segundo o jornal alemão Handelsblatt, um relatório recente da UBS aponta que os aumentos de preço também devem ajudar a acelerar a migração dos clientes para software na nuvem, uma meta estratégica da SAP.