BRASIL 2024

Bets ameaçam instituições privadas de ensino w142z

Mais de 1 milhão de alunos preferem apostar no tigrinho do que no futuro acadêmico. 3o4v6w

17 de setembro de 2024 - 11:40
Foto: Depositphotos

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As instituições privadas de ensino superior brasileiras estão perdendo alunos para sites de apostas esportivas e o jogo do tigrinho.

Pelo menos, é o que aponta uma pesquisa encomendada para a Educa Insights e divulgada recentemente pelo Globo, que mostra que 35% dos interessados em cursar uma faculdade em 2024 não o fizeram por terem gastado seu dinheiro em bets, plataformas de cassino virtual e no popular e viciante Jogo do Tigrinho.

Em famílias com renda de até R$ 2,4 mil por pessoa, o maior público-alvo das universidades, o índice sobe para 39%. Em famílias com renda de até R$ 1 mil per capita, esse número chega a 41%. 

A pesquisa contou com 10,8 mil entrevistados de várias classes sociais e de todas as regiões do país.

Todas as regiões mostram uma linearidade nos resultados, com uma leve alta de impactados na região Norte do país. Para 2025, 37% das pessoas que apostam no Brasil indicam que, para voltar a estudar, precisam parar de jogar.

Para o Educa Insights, a maior concorrência não está mais entre as instituições, mas sim com as bets, e estima-se que houve uma perda de 1,4 milhão de alunos para essas plataformas de jogos.

Envolvidos no setor acreditam que apenas a regulamentação pode frear esse impacto, considerado negativo em todos os aspectos, como econômico e social.

“Houve uma invasão de sites que não têm nenhuma preocupação com o apostador. Eles estão fazendo um verdadeiro estrago nesse mercado, mas essa operação selvagem vai acabar no dia 1º de janeiro de 2025”, relata ao Globo, Magnho José, presidente do Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR), que representa as principais casas de apostas do país.

A partir de 2025, somente empresas registradas no Brasil poderão operar em território nacional. O cadastro de apostadores será feito por reconhecimento facial, e haverá um limite diário de apostas. No entanto, o cassino online, um dos grandes responsáveis pelo vício, continuará liberado.

Em 2023, o setor de apostas movimentou cerca de R$ 100 bilhões, próximo a 1% do PIB nacional, segundo um relatório da XP Investimentos. Em proporção, o mercado de bets no Brasil supera o dos EUA.

No âmbito da economia, o fator é preocupante, pois muitas dessas empresas estão registradas no exterior, o que gera dificuldade na cobrança de impostos. A regulamentação concentra o mercado, mas tende a aumentar a arrecadação e os empregos.

Países que adotaram a regulamentação como o Reino Unido, Itália e Colômbia tiveram bilhões em arrecadação e um controle maior para coibir fraudes e uso abusivo.

Segundo o diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, a renda do país aumentou, mas isso não se traduziu em alta de consumo ou na poupança das famílias, em grande parte por causa dos gastos com jogos online.

No lado social, em famílias de baixa renda, 76% do que é gasto em lazer e cultura está sendo direcionado para apostas. Muitas dessas pessoas se tornaram viciadas em jogos, e o caso já é tratado como um problema de saúde pública.

Segundo envolvidos do setor educacional privado, a queda no número de alunos matriculados nas instituições está diretamente ligada ao mercado de bets desregulado e desenfreado.

“Cursar o ensino superior não é uma aposta, é uma certeza. Educação e trabalho duro são os únicos caminhos para o sucesso. Esses apostadores estão muitas vezes alimentados pela ilusão e pelo vício. Por isso, é preciso regulamentação e campanhas de conscientização”, defende Celso Niskier, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

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