
Nomeação de general na Petrobras gerou crise. Foto: Marcos Corrêa/PR.
O presidente Jair Bolsonaro está insatisfeito com a política de home office da Petrobras, e deu a entender que ela foi um dos motivos que motivou a substituição do seu presidente, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna.
“O atual presidente da Petrobras está 11 meses em casa sem trabalhar, né, trabalha de forma remota. Agora, o chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso, para mim, é inissível”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro seguiu com sua diatribe contra o home office, que, na sua visão, seria produto de “medo do Covid”, algo que, o presidente demonstrou realmente não ter, participando de aglomerações repetidas vezes no último ano.
“Imagine eu, presidente, em casa, com medo do Covid, ficando aqui o tempo todo no Alvorada. Não justifica isso daí. Inclusive, o ritmo de muitos servidores lá está diferenciado”, agregou Bolsonaro.
O presidente afirma ter descoberto a prática de home office na Petrobrás há “poucas semanas".
“No meu entender, não justifica. Pode até estar fazendo um bom trabalho de casa, mas, para mim, não justifica essa ausência da empresa”, disse ainda Bolsonaro.
As declarações na porta da residência oficial foram transmitidas por um canal simpático ao presidente com o à área em que a imprensa não pode entrar nesta segunda-feira, 22.
Como em outras grandes empresas, o home office foi introduzido em massa na Petrobras em março de 2020 como uma medida de prevenção ao coronavírus, valendo a princípio até dezembro.
Em setembro, a estatal anunciou um modelo permanente de trabalho em casa para 28,5 mil funcionários, alternando três dias de home office com dois no escritório.
A opção não é obrigatória e o profissional pode indicar menor frequência ou até mudar de ideia no futuro.
Segundo pesquisa interna com 13.400 empregados, cerca de 86% classificou a experiência de teletrabalho como ótima ou boa e 82% mostraram interesse em adotar o teletrabalho em até três dias.
A bem da verdade, é preciso se dizer que o home office é provavelmente a última das preocupações reais de Bolsonaro sobre a Petrobras e que as críticas provavelmente tem a intenção de justificar as mudanças na estatal perante aos seus próprios apoiadores.
A demissão de Castello Branco na última sexta-feira, 19, certamente tem mais a ver com o desejo presidencial de que a estatal segure os preços do combustível, evitando assim a insatisfação dos caminhoneiros.
O mercado reagiu mal à intervenção: depois da troca, os papéis da empresa caíram mais de 20%, acarretando uma perda estimada de R$ 74 bilhões no valor de mercado, que se soma à queda de R$ 28 bilhões antes mesmo do anúncio.