
Brasscom quer uma multidão de desenvolvedores web. Foto: Pexels.
A Brasscom, entidade que reúne as maiores empresas de TI atuantes no país, lançou um programa para treinar 156 mil desenvolvedores web, no que deve ser a iniciativa de formação de mão de obra mais ambiciosa já feita no país.
Ainda neste mês de agosto, serão selecionadas duas instituições de ensino e duas ONGs ou EduTechs para fazer parte da edição piloto, que contará com 100 alunos, divididos em quatro turmas, em diferentes regiões do país.
A Brasscom custeará integralmente essa etapa do projeto, com um investimento de R$ 278 mil.
O curso é gratuito para os alunos, que ganharão ainda um valor não revelado para cobrir gastos mensais com internet, deslocamento e alimentação e mais R$ 100 em caso de conclusão do curso.
A formação deve durar três meses, com uma carga horária total de 264 horas, em formato híbrido, com aulas presenciais e a distância incluindo temas como HTML, CSS e Java Script.
A Brasscom espera fazer os ajustes necessários, lançar o programa em grande escala e atingir a meta dos 156 mil até 2024.
A entidade não comenta qual é o investimento total previsto. Mas, tendo em conta que o piloto para 100 alunos vai custar R$ 278 mil, estamos falando de um investimento na casa das dezenas de milhões de reais, tendo em conta que o custo deve cair com a escala.
Só o custo de pagar R$ 100 para 156 mil pessoas, no qual a escala não influi, seria de R$ 15,6 milhões.
A entidade destaca que “buscará parcerias estratégicas com fontes de financiamento públicas e privadas”, ainda que o mais provável parece ser que as empresas associadas paguem a maior parte da conta.
Nesse caso, é possível dizer que a Brasscom decidiu tomar nas próprias mãos a solução de um problema que vem sendo apontado pela entidade desde a sua fundação, em 2004, inspirada pela poderosa entidade indiana Nasscom.
Segundo estudo da própria Brasscom, 420 mil novos trabalhadores seriam demandados pelo setor entre 2019 e 2024. Em uma média simples, anualmente, o mercado precisa de 70 mil profissionais. Hoje, no entanto, apenas 46 mil pessoas são formadas com perfil tecnológico a cada ano.
“Equalizar essa diferença é essencial para que as empresas de tecnologia continuem crescendo, gerando empregos formais e de qualidade e contribuindo para acelerar a retomada da economia”, ressalta o presidente do Conselho de istração da Brasscom, Laércio Cosentino.
Dinheiro para bancar uma iniciativa desse escopo a Brasscom tem. Além da Totvs, empresa fundada por Cosentino que acaba de faturar R$ 763,3 milhões no segundo trimestre, a entidade reúne 90 empresas, em diferentes níveis de associação.
Entre os fundadores estão os pesos pesados da TI brasileira, como Totvs, BRQ e Tivit, além de multinacionais com presença forte no país como Capgemini, IBM e Accenture. No segundo tier, vem nomes como Embratel, Sonda, Cisco e Huawei.