
Paulo Monteiro. Foto: Divulgação.
A Driven, uma startup de formação de profissionais de tecnologia com apenas oito meses de atuação, acaba de captar um aporte de R$ 16 milhões liderado pela gestora de venture capital Iporanga Ventures.
O aporte contou também com a participação dos fundos ONEVC, FundersClub e 3G Radar, além de investidores-anjo como Patrick Sigrist (iFood), Sergio Furio (Creditas) e Brian Requarth (VivaReal). Eles se juntaram aos sócios atuais Arpex Capital (Stone), Daniel Castanho ( nima) e Pedro Thompson (Exame).
O que atrai todos esses nomes de peso para uma empresa tão jovem é uma sigla mágica: ISA (Income Share Agreement, em inglês).
Explicando de uma maneira fácil, o ISA é um modelo de financiamento parecido o bom e velho FIES (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior): o aluno faz o curso de graça e paga depois de conseguir um emprego com uma renda acima de um valor X.
No caso da Driven, o aluno paga 17% depois de conseguir um salário de R$ 3 mil (o valor está na média do que outros concorrentes cobram).
É possível pagar pelo curso também à vista, caso no qual ele custaria R$ 17,6 mil, ou em 12 prestações, totalizando R$ 19,6 mil. O site da empresa não abre o valor total no caso da opção financiada, mas é de supor que ele fica acima dos dois outros.
“Vimos que selecionando pessoas que tem uma base forte em raciocínio lógico e as fazendo ar por uma formação intensiva, nós conseguimos formar um profissional que pode se tornar um tech lead em 1 a 2 anos”, afirma Paulo Monteiro, um dos fundadores da Driven.
De acordo com os dados da Brasscom, a principal entidade de TI do país, a perspectiva é de que, até 2024, o setor demande 420 mil novos profissionais. O problema, conhecido faz horas, é que faltam candidatos com a formação suficiente.
Parte do modelo de negócios das empresas ISA é buscar uma aproximação com potenciais empregadores para os seus alunos, acelerando a obtenção de um trabalho e o início dos pagamentos.
A exigência para entrar também é alta, o que aumenta a probabilidade de conclusão bem sucedida do curso: dos 20 mil inscritos no processo seletivo da Driven, apenas 140 se tornaram alunos, distribuídos em três turmas.
“100% dos formados na primeira turma ocupam cargos como engenheiros digitais e desenvolvedores, com salário médio inicial 70% superior ao de mercado”, informa Monteiro.
A Driven tem um banco de 20 mil interessados que buscaram a formação e deve encerrar o ano com cerca de 450 a 500 alunos. O objetivo, com os novos recursos, é chegar até o fim de 2022 com 2 mil formados e no terceiro ano, 10 mil.
No meio tempo, a empresa precisa de capital para manter tudo rodando. Já existem alguns players neste segmento, alguns inclusive levantando capital num ritmo ainda mais acelerado que o da Driven.
Em março de 2020, a brasileira Trybe, fundada seis meses antes, levantou nada menos que R$ 42 milhões.
Tanto a Driven quando a Trybe não tem só uma solução para um problema em alta, como também pessoas com background na área, o que aumenta a confiança dos investidores para encher elas de dinheiro.
No caso da Driven, os fundadores já criaram antes a Responde Aí, uma plataforma de estudos para a universidade criada há sete anos e que possui 30 mil s e 2 milhões de usuários totais, parte deles público potencial para o novo empreendimento.
No caso da Trybe, a experiência prévia dos fundadores é a AppProva, uma startup educacional focada em dados e avaliações vendida para a Somos Educação em 2017, quando já tinha cinco milhões de estudantes na plataforma.