
Entidades não falaram sobre o impeachment de Dilma Rousseff. Foto: José Cruz/Agência Brasil
A Brasscom, maior entidade do setor de TI do Brasil, divulgou uma nota conjunta com Assespro Nacional, Abes e Fenainfo nesta segunda-feira, 28, para dizer que está em cima do muro sobre a crise política.
As entidades pedem “celeridade” na busca por “soluções que permitam a superação dos imes” e possibilitem “um mínimo de governabilidade”.
A nota diz ainda que tais soluções devem ser “circunscritas à ordem constitucional e seus desdobres no âmbito do direito”.
“Esta manifestação conjunta é consistente com o perfil neutro e apartidário das entidades representadas e com sua atuação em prol do setor de TI e TIC e do melhor interesse do país”, encerra a nota.
A última frase pode ser lida como justificação pela ausência de um pronunciamento mais aberto sobre a questão do processo impeachment da presidente Dilma Rousseff, cuja existência é com certeza parte da causas (e para um número crescente de pessoas, da solução) da crise citada pelas entidades.
Os interessados em entender onde as entidades de TI se situam em relação a esse tema ganham um complicador adicional na equação pelo fato da principal defesa do governo frente ao impeachment ser a alegação de que ele é um “golpe”, fora da ordem legal. A interpretação é contestada pelos defensores do impedimento.
Um bloco significativo de entidades empresariais, liderado pela paulista Fiesp, já decidiu sair do muro e se colocar abertamente na defesa do impeachment. Outras tantas, como a Abimaq, tem feito manifestações na linha das entidades de TI, pedindo uma solução para a crise sem dizer qual.
No campo da tecnologia, o Rio Grande do Sul é uma exceção O sindicato patronal gaúcho Seprorgs (ligado à Fenainfo) e a Assespro-RS (ligada à Assespro Nacional) divulgaram notas pedindo o afastamento de Dilma.
Em nível nacional, no entanto, entidades como a Brasscom, a líder de fato do setor de TI, tem mais a perder fazendo uma oposição aberta ao governo Dilma, por mais aparentemente condenado que ele pareça no momento.
Dados da entidade apontam que seus 37 associados representam algo como 70% do PIB de TI do Brasil, incluindo nomes como Accenture, IBM, Politec, Softtek, TCS, Capgemini, Totvs e Unicamp.
Criada em 2004, a Brasscom surgiu à imagem e semelhança da poderosa associação indiana Nasscom com o objetivo de promover a imagem do Brasil como um exportador de serviços de TI.
A entidade conseguiu emplacar algumas das suas demandas junto ao governo Dilma, como a desoneração da folha de pagamentos, no primeiro mandato da presidente. Depois, já em meio a crise econômica, a medida perdeu um pouco da força quando as alíquotas foram dobradas.
A ABES reúne grandes nomes, mas o seu foco principal é o combate a pirataria e a promoção da adoção de software proprietário na istração pública.
Os sindicatos patronais de TI, em tese agregados Fenainfo, são muitas vezes fracos e estão divididos em diferentes confederações.