CARTA

Entidades pedem técnicos na Ciência e Tecnologia 19732i

Nas entrelinhas: queremos nomeações como as de Marcos Pontes. 6m563q

18 de janeiro de 2023 - 12:38
Luciana Santos, durante a nomeação dos ministros.  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Luciana Santos, durante a nomeação dos ministros. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um grupo de 11 entidades de tecnologia, incluindo aí a Brasscom, a mais forte no setor de TI, publicaram uma carta aberta pedindo a nomeação para duas secretarias no Ministério de Ciência e Tecnologia de pessoas com “formação e perfil técnicos e conhecimento prévio do funcionamento do ministério”.

As posições mencionadas são as secretarias de C&T para Transformação Digital e Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, oriundas da divisão da antiga secretaria de Empreendedorismo e Inovação.

A nova Secretaria de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital fará a gestão de políticas como a Lei de Informática e Lei do Bem, e a formulação de políticas para desenvolvimento da internet e a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico fará a gestão de programas nacionais de desenvolvimento.

“Esperamos que as novas lideranças de tais secretarias continuem trabalhando de forma harmoniosa e produtiva com os servidores de carreira, assim como na interlocução com todos os setores do ecossistema digital”, afirma o texto da nota. 

A carta é assinada por uma série de entidades de peso da área de tecnologia incluindo a Brasscom, a Assespro Nacional, a Abes e a Acate; pela Abinee, a principal entidade da indústria eletro-eletrônica, além da Anjos do Brasil, Câmara e-Net, Abranet e Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, entre outras.

Como costuma acontecer em cartas públicas de entidades, e mais ainda quando estamos falando de 11 entidades, é preciso fazer um bocado de leituras entre as linhas para tentar entender qual é a mensagem real da comunicação (estamos aqui para isso).

Aparentemente, a palavra-chave para entender tudo é “continuem”, o que parece querer sinalizar da maneira mais discreta possível o desejo de nomeações parecidas com as do último governo. 

Durante a gestão de Marcos Pontes no Ministério da Ciência e Tecnologia, o secretário de Empreendedorismo e Inovação foi Paulo Alvim, um funcionário público de carreira que atuava em diversas áreas ligadas à ciência e tecnologia do governo federal desde os anos 80.

Quando Pontes deixou o cargo para concorrer a senador, quem assumiu o comando do ministério foi Alvim. 

A secretaria ou então para José Gontijo, ex-diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação.

Gontijo também é um servidor público de carreira, em Brasília desde 2003 e com 15 anos de atuação no Ministério de Ciência e Tecnologia. Os dois nomes, portanto, são a definição perfeita do desejo manifesto no texto. 

Claro que as entidades não podem escrever uma carta endereçada para a nova ministra, Luciana Santos, pedindo a continuidade da política de nomeações de Marcos Pontes, uma nomeação de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Santos foi presidente do PC do B e provavelmente não gostaria muito de um pedido feito nesses termos. 

Vale lembrar que durante a campanha eleitoral, parte do discurso do candidato Lula era de "reconstrução da ciência nacional”, que teria sido destruída no governo Bolsonaro (uma proposição que, aliás, encontra bastante eco no meio científico). 

Pontes, por outro lado, foi atacado pelo seu ado como astronauta (curiosamente, então como parte de um programa das istrações petistas), palestrante e garoto propaganda de produtos duvidosos. 

Ainda mais importante do que as sensibilidades ideológicas são fatos políticos partidários em um momento de transição de governo. 

Santos lidera o único ministério nas mãos do PC do B e provavelmente está sob pressão por nomear companheiros de partido para essas duas secretarias (um cínico poderia dizer que por isso mesmo foram criadas duas novas posições onde havia uma).

O histórico de Santos no meio de Ciência e Tecnologia não é tão longo que permita presumir uma agenda cheia de possíveis nomeados que agradem às entidades de tecnologia e ao seu próprio partido, o que talvez seja o motivo pelo qual as entidades decidiram fazer pressão publicamente com uma carta. 

Santos foi secretária Estadual de Ciência e Tecnologia em Pernambuco entre 2009 e 2010, durante o governo de Eduardo Campos (PSB).

Como deputada federal, Santos foi membro titular das comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, de Desenvolvimento Urbano e de Cultura, da qual foi vice-presidente.

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