
Rodrigo Assumpção é o novo presidente da Dataprev.
O novo governo apostou em um nome tarimbado para assumir o comando da Dataprev: Rodrigo Assumpção, que já havia presidido a estatal de tecnologia da Previdência entre 2009 e 2017.
Os oito anos de Assumpção incluíram o segundo mandato de Lula, o mandato e meio de Dilma Rousseff e inclusive um período no governo Michel Temer.
Bacharel em História, com mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Assumpção fez carreira na área de tecnologia das istrações petistas do governo federal, começando pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do então Ministério do Planejamento, a precursora da atual Secretaria de Governo Digital.
Depois de sair da Dataprev, Assumpção vinha atuando em projetos de digitalização junto a organismos internacionais, incluindo Banco Mundial, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Associação Internacional de Seguridade Social (AISS).
Ele também foi coordenador da área de governo eletrônico da Prefeitura de Santo André, em São Paulo, diretor do Instituto Florestan Fernandes e da ONG Sampa.Org.
O novo presidente da Dataprev é atualmente especialista em Sistemas de Gestão e Informação junto ao departamento de proteção social da Organização Mundial do Trabalho, onde fica até março.
A nomeação foi divulgada pelo Ministério de Gestão nesta segunda-feira, 16.
Em nota, o ministério frisa conquistas da gestão de Assumpcao na Dataprev como a renovação dos três data centers da estatal, todos certificados com o selo Tier 3, o padrão dos grandes centros de dados, ou a migração para plataforma baixa de sistemas que ainda rodavam em mainframe.
Eram os desafios da época, mas no meio termo o mundo de TI tomou outros rumos, inclusive no governo, com a adoção em peso de infraestrutura hospedada na nuvem, um processo iniciado no governo Temer e acelerado durante a gestão Bolsonaro.
Em 2017, inclusive, surgiu a informação de que a Dataprev estaria negociando um acordo com o Serpro, outra grande estatal federal de tecnologia, para fazer uma oferta conjunta de intermediação de contratação de nuvem para compradores no governo.
Da parte da Dataprev, o projeto não parece ter evoluído. O Serpro sim seguiu com a iniciativa e a partir de 2019 fechou acordos com quase todos os grandes players de nuvem desde 2019.
A AWS foi a primeira a entrar, com um contrato de R$ 71,2 milhões ainda em 2019. Depois vieram Huawei (R$ 23 milhões), Microsoft (R$ 22,6 milhões), Oracle (R$ 41,5 milhões) e IBM (R$ 40,3 milhões).
As condições são sempre as mesmas: contratos de cinco anos, nos quais os valores fechados são apenas uma base, cuja concretização vai depender de quanto o Serpro vai efetivamente vender no final.
O novo governo já deu pistas que não está de acordo com essa virada de rumos.
No final de novembro, César Alvarez, outro nome da velha guarda de tecnologia petista e um dos integrantes da transição do governo Lula, disse que a adoção de nuvem no governo da maneira atual era uma “irresponsabilidade”, a ser corrigida com um movimento de “voltar para uma política de data centers”.
A AWS, a maior fornecedora de nuvem pública e também a maior ganhadora de licitações de nuvem, rebateu indiretamente, dizendo que a migração para a nuvem era uma “política de estado”, um argumento algo débil em um país onde famosamente até o ado é incerto.