
José Paulo da Rosa. Foto: Alex Rocha/PMPA
José Paulo da Rosa, ex-secretário da educação de Porto Alegre, é o novo reitor da Feevale, universidade de Novo Hamburgo que está entre as maiores do Rio Grande do Sul.
O novo reitor será empossado em 28 de junho, para a gestão 2024-2027. Ele substituirá Cleber Prodanov, que estava no comando da instituição desde 2018.
A saída de Prodanov era esperada: pelo estatuto da Feevale, os reitores só podem ocupar o cargo por dois mandatos consecutivos.
O nome de Rosa, no entanto, é uma surpresa. Segundo o Baguete pode apurar, ele era o único candidato de fora na lista tríplice encaminhada para a Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur), a mantenedora da Universidade Feevale.
A expectativa interna era pela promoção de um nome da casa, como o próprio Prodanov, que entrou na Feevale como professor em 1995, ando depois por cargos como presidente do parque tecnológico Valetec e pró-reitor de Inovação da Feevale.
Prodanov, que entre 2011 e 2015 foi secretário de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, apostou forte no envolvimento da instituição do ecossistema de inovação, com direito a abertura de uma operação em Porto Alegre com espaço para startups.
A Feevale também buscou uma aproximação com o Pacto Alegre, uma iniciativa de fomento à inovação liderada por Unisinos, UFRGS e PUC-RS, as maiores instituições de ensino do estado.
Rosa foi secretário da Educação de Porto Alegre nos últimos 11 meses, sendo chamado para arrumar a casa depois de um escândalo de corrupção que derrubou a antecessora.
A informação da saída de Rosa saiu ontem nos jornais gaúchos. À colunista política da Zero Hora, Rosane de Oliveira, o ex-secretário disse que o novo destino profissional era “a oportunidade de sua vida”.
Rosa fez carreira no sistema S. Entre 1980 e 2000 ele foi instrutor e diretor de escolas do Senai no Rio Grande do Sul e por outros 20 anos foi diretor regional do Senac e do Sesc no Rio Grande do Sul.
O novo reitor da Feevale tem um doutorado em Educação pela PUC-RS e está cursando um doutorado profissional em Gestão e Negócios na Unisinos, mas não pode ser considerado exatamente um acadêmico.
Talvez fosse exatamente isso o que a Aspeur estava procurando. Em nota, a Feevale revela que participaram do processo seletivo duas pessoas internas e duas externas, além de uma empresa de recrutamento com atuação em nível nacional, “focada em C-Level”.
“A escolha de José Paulo da Rosa foi baseada na sua formação acadêmica, grande experiência em educação e habilidades importantes, que irão agregar à excelente equipe da Feevale”, afirma o presidente da Aspeur, Marcelo Clark Alves.
Conversando com pessoas com conhecimento dos bastidores, a reportagem do Baguete averiguou que a preocupação dentro da Aspeur é com a perda de alunos da Feevale.
A universidade de Novo Hamburgo não está sozinha com esse problema, que, aliás, é no final das contas a força motriz por trás da mobilização das grandes universidades gaúchas no Pacto Alegre.
Com a exceção da UFRGS, que é federal, as grandes universidades estabelecidas no Rio Grande do Sul são ligadas a ordens religiosas (como a Unisinos e a PUC-RS), ou, ainda mais comum, comunitárias, como no caso da Feevale ou da UCS, em Caxias do Sul.
Já ao longo da última década, as instituições estabelecidas vêm sendo pressionadas por novos concorrentes, gigantes do setor educacional com ações abertas na bolsa que vem comprando instituições na região, além de novas instituições locais com um modelo mais agressivo.
Nos últimos anos, a situação foi agravada pela pandemia do coronavírus, que massificou o ensino à distância na força, e a crise econômica, que aumentou a atratividade de alternativas mais baratas de ensino superior.