Fraga: menos ideologia, mais investimento 4m2i24

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e cotado pela revista The Economist como um dos candidatos à presidência do Fundo Monetário Internacional (FMI), pregou uma presença maior da iniciativa privada nos gargalos de infraestrutura do Brasil. “Precisamos de menos ideologia e mais investimentos”, defendeu Fraga. 665x6v

15 de junho de 2011 - 16:15
Arminio Fraga

Arminio Fraga

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e cotado pela revista The Economist como um dos candidatos à presidência do Fundo Monetário Internacional (FMI), pregou uma presença maior da iniciativa privada nos gargalos de infraestrutura do Brasil.

“Precisamos de menos ideologia e mais investimentos”, defendeu Fraga.

Para o economista, sócio-fundador da Gávea Investimentos, o país deve criar condições melhores para investimentos do setor privado em vez de manter a infraestrutura apenas nas mãos do governo.

“Os problemas de infraestrutura são uma grande barreira, mas também são uma oportunidade de investimento”, alertou Fraga, em palestra na Federasul nessa quarta-feira, 15.

Alguns setores – como saneamento, aeroportos, rodovias e outros gargalos seriam as “portas de oportunidades” –, aproveitando o bom momento de crescimento no país, que deve crescer 3,96% em 2011, segundo a última previsão do BC.

Outro gargalo é o da banda larga, cuja interferência do Executivo teve um revival com a Telebrás.

Querendo um novo milagre
Parte do momento de milagre econômico brasileiro, nas décadas de 1970 e 1980, o setor de telecomunicações era gerido pela Telebrás, criada em 1972, ainda no período militar – um reflexo da estratégia milagreira.

“Nós optamos por algum tempo por um modelo de estatização”, relembra o economista.

Entre as décadas de 1970 e 1980 – quando praticamente cada governo de estado tinha seu banco próprio –, o PIB per capita brasileiro saiu de 12% para 24% do PIB norte-americano.

Fraga relembra, porém, o modelo não se sustentou, desembocando na “década perdida”.

Na virada de 1993, o PIB per capita encolheu para 16% do mesmo indicador nos Estados Unidos. Nos reino das estatais, iniciou-se a temporada de privatizações.

A Telebrás, por exemplo, trocou de mãos em 1998, quando as empresas que compunham a holding foram agrupadas em quatro regiões e vendidas em leilão internacional, adormecendo no governo.

Back to the 70's
Em maio de 2010, após 12 anos de inatividade, a estatização voltou a operar, e a empresa foi reativada, com a missão de encabeçar o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).

Atuando apenas na infraestrutura de rede (backbone e backhaul), a estatal já começou a fechar os primeiros contratos, após vários leilões, alguns percalços orçamentários e uma troca de comando.

Para Fraga, movimentos como este são um reflexo da saudade dos anos 1970.

“Ainda existe uma certa nostalgia do tempo do milagre. Eu vejo hoje o governo com muita vontade de retomar o modelo”, opina o economista, que se diz contra a ideologia do estado mínimo, mas também não apoiador da intervenção do governo em tudo.

Apesar das movimentações, Fraga defende uma atuação equilibrada da iniciativa privada e do estado nos gargalos de investimento.

Para o economista, o país está ando por um momento econômico em que se aproxima de um teto de crescimento, com risco de estagnar, e o segmento sustentável é vital para manter o fôlego.

“O Brasil pode tranquilamente continuar crescendo 4% ao ano como tem acontecido, mas a pergunta é se estaríamos satisfeitos com isso. Acho que podemos ser mais ambiciosos neste sentido”, disse.

Back to the 90's?
Outra lembrança dolorosa que tem assombrado os brasileiros, também reflexo do bom momento do país, segundo Fraga, é a inflação.

Para ele, a tendência é que a inflação ultrae a meta de 4,5% em 2011, mas sem fugir do controle.

Apesar das altas – na última década o média anual mínima foi de 3,14% e a máxima, de 12,53% – Fraga salienta que os níveis do índice ainda estão longe da disparada experimentada na década de 1990 – com variação média de 764%, segundo o IBGE, entre 1990 e 1995.

“O medo da inflação está no DNA do brasileiro, e isso é bom, porque a população externa esse sentimento e o governo faz algo”, observa o economista.

Fraga, que se diz “grade amigo” do atual presidente do Banco Central, o gaúcho Alexandre Tombini, acredita que a situação está em boas mãos, apesar de reconhecer que, hoje, “nem eles devem saber que rumo a economia vai tomar”.

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