Bandeira da França. Foto: Depositphotos.
A França pode estatizar uma parte da Atos considerada estratégica, incluindo supercomputadores e o fornecimento de comunicações para as forças armadas do país.
O governo francês fez uma oferta de € 500 milhões por essa parte do negócio da Atos, que está faz meses considerando hipóteses para reestruturar suas operações e diminuir a dívida.
Segundo uma nota da Atos, a meta é ter o negócio fechado até 31 de maio. O valor total pode ficar em € 625 milhões incluindo pagamentos adicionais pelo atingimento de metas (o famoso earn out).
“É papel do estado francês garantir, como acionista quando justificado, a perenidade e o desenvolvimento das atividades industriais mais estratégicas para nossa soberania”, disse o ministro das Finanças da França, Antoine Armand, em outro comunicado.
Políticos gostam de dizer essas coisas, mas Armand pode ter algo de razão: a Atos faz a manutenção dos supercomputadores que controlam o arsenal nuclear francês, além dos sistemas e cibersegurança do país.
A parte da Atos que o governo francês quer levar emprega 4 mil pessoas e gera vendas anuais de € 900 milhões, o próprio Ministério das Finanças em abril.
No ano ado, a Atos teve receitas de €10,69 bilhões, uma queda de 5,5% frente a 2023.
Desde o ano ado, está em discussão um plano para dividir a empresa em duas operações independentes: a Eviden, focada nas operações de digital, segurança e big data, e a Atos Tech Foundations, dona do negócio mais tradicional de data center, hosting, comunicações unificadas e outsourcing de processos de negócios.
Das duas, a Eviden é tida como a parte com potencial de crescimento, enquanto a ATF é a parte de serviços de infraestrutura que vem apresentando problemas nos últimos anos (é a mesma novela da IBM em seu momento).
Vendo que ativos importantes para o país estavam à venda sem achar comprador, o governo francês já vem se movendo desde o ano ado para comprar o pedaço que lhe interessa da Atos.
A Atos está no mercado desde 1988, estando quase todo esse tempo no Brasil, onde tem operações em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Londrina.
Maurício Renner 5wt6n
Editor at Baguete Diário