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Yorik van Havre. Foto: Baguete.
Ser uma alternativa a gigantes como Dassault, Siemens PLM e Autodesk, mas com base em software livre, é a aposta do FreeCAD.
O projeto iniciou em 2002 com dois engenheiros alemães, utilizando o código do OpenCasCADe, e hoje chega a 100 usuários – numa estimativa conservadora – e mais de quatro milhões de linhas de código.
“Acreditamos que um dia conseguiremos competir com as soluções proprietárias”, prevê Yorik van Havre, um arquiteto belga, radicado em São Paulo, e que participa do há cinco anos.
As vantagens, segundo Havre, começam pelo valor.
“Hoje você precisa, para começar a trabalhar, pagar uma licença de US$ 3 mil. Isso é um absurdo!”, desabafa, durante palestra no Fisl13, em Porto Alegre.
Outros problema nas soluções proprietárias, diz Havre, é a impossibilidade do usuário de adicionar novas features no programa.
“Cada ano a gente tem que esperar o fabricante se coçar e aperfeiçoar, inclusive, os bugs já presentes na ferramenta lançada no ano anterior”, critica.
“No FreeCAD é diferente”, enfatiza o arquiteto.
Hoje, o ecossistema de desenvolvimento conta com 15 desenvolvedores, que fazem quatro alterações, em média, por dia. Os updates vão da correção de bugs à novos recursos.
As linguagens do FreeCAD são C++ e Python.
Segundo Havre, outras vantagens são a utilização de formatos abertos, o e projetos complexos e a possibilidade de utilizar objetos de naturezas diferentes – meshes, sólidos e curvas NURBS – num mesmo documento.
Além disso, o FreeCAD terá no futuro um módulo web e é completamente integrado com outras ferramentas de imagem livres, como o Blender, para animações 3D.
“Uma das minhas features preferidas é a de geometria constringida e o histórico”, acrescenta Havre.
Com esse recurso, certas marcações podem ser bloqueadas para evitar alterações futuras, mantendo a estrutura do projeto. E com o histórico, mudanças em módulos de base – como a planta baixa de um prédio – são recalculadas em etapas posteriores, como a modelagem das paredes por exemplo.
“Se eu redimensionar um cubo na base, toda a estrutura é recalculada”, resume o arquiteto.
Disponível para no Sourceforge, o programa já foi usado pelo próprio Havre em plantas de prédios, mas ainda não chegou a um projeto complexo.
“Como é livre, muitas coisas chegam gradualmente à interface, e isso pode desacelerar um pouco. Mas é bom que as coisas ocorram de forma mais gradual, para a maturidade do projeto”, finaliza.
Juntas, Siemens PLM, Dassault e Autodesk faturam alguns bilhões de dólares. Dá pra competir?
“Nós temos a força da comunidade por trás. Então, dá para ter uma ferramenta profissional sim”, finaliza Havre.