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Funcionários da Embrapa contra ERP da SAP 1f4150

Sindicato divulga documento com 235 funcionários pedindo retirada do ERP na estatal. 416n3h

20 de abril de 2023 - 05:17
Funcionários querem tirar o SAP da Embrapa. Foto: Divulgação

Funcionários querem tirar o SAP da Embrapa. Foto: Divulgação

Funcionários da Embrapa e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário parecem ter decidido declarar guerra ao sistema de gestão da SAP, implementado na respeitada instituição de pesquisa agropecuária a partir de 2019.

Nesta terça-feira, 18, representantes dos funcionários entregaram para o sindicato um relatório assinado por 235 empregados da Embrapa solicitando a “retirada” do ERP.

Segundo uma nota divulgada pelo Sinpaf, o documento foi produzido por funcionários das áreas de orçamento e finanças, patrimônio e contratos da Embrapa, incluindo supervisores.

O sindicato não chega a disponibilizar o documento na íntegra, apontando apenas que ele contém 32 “argumentos técnicos” que mostrariam o “prejuízo financeiro, humano e produtivo” causado por “inconsistências, falhas, inaplicabilidade e incompatibilidade com as atividades, rotinas e objetivos da empresa”.

De acordo com o Sinpaf, a iniciativa de elaborar o documento partiu de um assistente da Embrapa Pecuária Sul, sediada em Bagé, no interior do Rio Grande do Sul.

Mais além da questão da representatividade (a Embrapa tem quase 9 mil funcionários) e da pertinência (o sindicato não é uma instância decisória sobre qual ERP a Embrapa usa) a entrega do documento serve para gerar visibilidade para as críticas de pelo menos parte dos funcionários da Embrapa, o que o texto do Sinpaf faz com maestria.

Pelas declarações de funcionários no texto do Sinpaf, os problemas dizem respeito principalmente à falta de treinamento (o que é solucionável) e problemas de integração de um sistema proprietário como o da SAP com outros desenvolvidos internamente no governo (o que é mais complicado) e até mesmo ao modelo de e de um sistema de ERP (que é um padrão de mercado e não vai mudar).

“Depois de um longo período de utilização do sistema não tivemos nenhuma melhoria na relação entre empregados e empresa, pois foi um programa implementado sem a capacitação necessária para a execução do mesmo. As pessoas estão estressadas porque não conseguem cumprir com os trabalhos nos prazos estabelecidos”, afirma o assistente da Embrapa Pecuária Sul, Caine Garcia. 

A analista Anna Carolina do Vale, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, baseada em Brasília, aponta o retrabalho gerado por problemas de integração. 

“Estamos com trabalho triplicado. Antes era apenas um processo, mas com a nova ferramenta agora temos três etapas, pois tudo tem que ser feito no ERP e checado se foi para o sistema do governo federal. Além disso, caso não tenha ido automaticamente, o que acontece bastante, precisamos incluir diretamente. Caso algo não tenha ido conforme esperado, refaz aquela etapa. Um sistema que não otimiza a execução do trabalho e que não é funcional para a empresa, pois faz com que a gente perca tempo, pois poderíamos estar realizando tarefas mais produtivas”, relata Vale. 

O diretor suplente Regional Sudeste do Sinpaf e analista da Embrapa Territorial, Devanir Sebastião dos Santos, aponta a questão do e. 

"A empresa que fornece o programa exige que sejam feitas outras customizações para que ele funcione, além disso para resolver os erros é necessário abrir chamados e cada um deles custa mais dinheiro para a Embrapa", critica Santos.

(Os problemas da SAP na Embrapa também têm uma outra dimensão. Em março, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, em Brasília, condenou a empresa a pagar R$ 3 mil para cada funcionário que teve problemas no pagamento, devido a falhas técnicas no processamento da folha. O Sinpaf não chegou a abrir quantos foram os beneficiados).

E qual é a solução para o problema? Na proposta do Sinpaf, extinguir o contrato com a SAP e voltar a adotar os sistemas sistema “fornecidos gratuitamente” pelo governo. 

“Vemos dinheiro público sendo jogado no ralo sem necessidade. Para além da questão financeira, tem a questão da saúde dos empregados. Precisamos acabar com esse sofrimento exigindo a suspensão imediata da obrigatoriedade de utilização deste sistema”, argumenta Santos. 

O projeto de implementação do S/4 Hana na Embrapa foi iniciado em 2019, quando representantes da empresa estiveram inclusive no SAP Now, o maior evento da SAP no Brasil.

Na época, a meta era colocar o ERP para rodar ainda naquele ano, em um projeto com consultoria da Cast Group, uma das maiores parceiras da SAP no país, auditoria da Deloitte, uma das maiores empresas de consultoria empresarial do planeta. 

A meta era eliminar mais de 180 sistemas em utilização na época de maneira distribuída pelas 42 unidades da Embrapa espalhadas no país.

Estavam envolvidos 150 consultores, com apoio de cerca de 90 pessoas das áreas de negócio da Embrapa para desenho dos processos e testes da ferramenta.

A Embrapa é uma instituição de pesquisa e apoio à agricultura brasileira criada em 1973, cujo presidente é uma nomeação política. 

De momento, ainda está no comando Celso Moretti, um funcionário de carreira da Embrapa que assumiu o cargo no começo do governo Bolsonaro. 

No início da transição para o governo Lula, despontou o nome de Silvio Crestana como provável novo presidente. Crestana já havia liderado a Embrapa entre entre janeiro de 2005 e julho de 2009, nos mandatos anteriores de Lula. 

Desde então, o assunto esfriou. As últimas informações eram que Moretti seria substituído por “uma mulher”, ainda em abril

O Sinpaf parece contar com isso, afirmando no seu texto que o relatório será entregue para a nova diretoria executiva da Embrapa, “que deve assumir em breve”. 

Independentemente de quem for o nome, a decisão de riscar um investimento como a implantação do S/4, um projeto cujo custo provavelmente ficou na casa das dezenas de milhões, não é simples, por mais que os funcionários estejam mobilizados por isso.

Por outro lado, se isso realmente acontecer, será um duro revés para os planos da SAP de se tornar um fornecedor relevante dentro do governo.

Ao contrário do que acontece entre grandes empresas do setor privado, onde a SAP domina, a presença dentro do setor público ainda é tímida, concentrada principalmente em algumas estatais de atuação mais independente.

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