
Estudo prevê estação junto ao aeroporto de Porto Alegre. Foto: divulgação.
O estudo da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) concluiu que o transporte de altíssima velocidade Hyperloop é viável na rota Porto Alegre - Serra Gaúcha, onde o projeto teria um custo total de US$ 7,71 bilhões em 30 anos.
Neste valor, está incluído um custo de capital de US$ 3,18 bilhões (41,2%), que compreende as despesas em infraestrutura, frota, estações e aquisições de terras, além de US$ 2,02 bilhões (26,1%) de custos operacionais e US$ 2,52 bilhões de impostos (32,6%).
Na análise econômica, o projeto teria um payback em 5,5 anos, principalmente com receita proveniente dos ageiros e empreendimentos, além de aluguel de lojas nas estações, publicidade e transporte de carga. Na análise financeira, o payback completo deve se dar em 14,7 anos.
O estudo de viabilidade, que foi elaborado em seis meses, foi apresentado na manhã desta quinta-feira, 2, pela universidade e pela Hyperloop Transportation Technologies (HyperloopTT), startup americana de pesquisa sobre a tecnologia, junto ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O trajeto estudado começa no aeroporto de Porto Alegre e termina em Caxias do Sul, polo industrial que é a segunda cidade mais populosa do estado, contando com estações também em Novo Hamburgo, localizada na Região Metropolitana, e Gramado, polo turístico da Serra Gaúcha.
Com 129 quilômetros, esse caminho é percorrido em cerca de 1h40 de carro e, com a tecnologia, a rota completa teria 135,7 quilômetros, tempo de viagem de 19 minutos 45 segundos e uma velocidade máxima de 835 quilômetros por hora.
Entre Porto Alegre e Gramado, a previsão de viagem é de 11 minutos e 20 segundos.
Saindo de Porto Alegre, a tarifa média proposta no estudo é de R$ 30 até Novo Hamburgo, R$ 105 até Gramado e R$ 115 até Caxias do Sul.
A pesquisa também considerou outros fatores, como a possibilidade de transporte de cargas, desenvolvimento imobiliário nas regiões, geração de energia, criação de empregos, redução de acidentes de trânsito e design das estações.
“Do ponto de vista da sociedade gaúcha e da sociedade brasileira, este projeto é viável? A resposta é um estrondoso sim. Foi um exercício muito rico e o resultado é extremamente animador e robusto, indicando que sim, ele deve ser empreendido”, afirma Luiz Afonso Senna, coordenador do projeto pelo Laboratório de Sistemas de Transportes da UFRGS.
O projeto não prevê subsídio público e, como a Hyperloop é uma empresa de tecnologia, não se envolvendo na construção ou operação, a obra precisaria contar com o investimento de alguma construtora local ou fundo de investimento internacional.
Com o resultado do estudo em mãos, começa a fase de captação dos interessados para esse investimento. A companhia afirmou já ter interessados, mas ainda não pode citar nomes.
Caso o projeto saia do papel, a previsão de construção do sistema é de cinco anos.
Com velocidade de até 1,2 mil quilômetros por hora, o sistema Hyperloop consiste em uma cápsula parecida com um trem, que é colocada em um tubo despressurizado, com o ar removido para eliminar a resistência, e se desloca por levitação magnética — podendo transportar ageiros e cargas.
O conceito de Hyperloop foi apresentado pela primeira vez em 2013 por Elon Musk, com uma equipe conjunta da Tesla e da SpaceX.
Musk abriu os seus projetos sobre o assunto, dando início a uma série de startups focadas em realizar o projeto, entre elas a HyperloopTT, que hoje tem 800 profissionais, em cinco continentes, trabalhando na iniciativa.
O estudo apresentado hoje é o primeiro para um sistema Hyperloop na América Latina. Ainda não existe um caso prático de implementação. Abu Dhabi, cidade nos Emirados Árabes, está em fase de preparação.
No câmbio atual do dólar, a projeção de custos do estudo de viabilidade significa quase R$ 40 bilhões, o que, na hipótese aparentemente remota da obra se tornar realidade, transformaria o Hyperloop gaúcho em uma das maiores obras já feitas na história do país.
A Rodovia do Parque, uma das maiores obras viárias recentes no Rio Grande do Sul, conectando Porto Alegre com Canoas, custou R$ 1,3 bilhão, incluindo as obras e o reassentamento de famílias.
Mesmo um dos projetos mais faraônicos e mal sucedidos da história do país, a construção da usina nuclear Angra 2, fica pequena na comparação: ela foi inaugurada em 1999 após 20 anos de construção e inúmeros problemas, a um custo de R$ 12 bilhões.