DADOS

Idec e MPF entram com ação de R$ 1,7 bi contra WhatsApp 5g3q6i

Processo também responsabiliza a ANPD por não ter atuado contra política de privacidade do aplicativo. r3k73

17 de julho de 2024 - 13:53
Foto: Deposit Photos.

Foto: Deposit Photos.

O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) e o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo entraram com um pedido de indenização contra o WhatsApp que pode chegar a R$ 1,7 bilhão. 

O processo é por conta das mudanças realizadas na Política de Privacidade da empresa em 2021, que está em vigor até hoje. A ação também responsabiliza a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) por não ter atuado contra o aplicativo.

Para o Instituto, a forma como a alteração foi feita infringe a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e o Código de Defesa do Consumidor (CDC).

“O WhatsApp, no auge da pandemia, obrigou as pessoas a aceitarem essa política, caso contrário elas perderiam o o ao aplicativo. Uma evidente violação às leis brasileiras, pois a empresa inibe a possibilidade do consentimento livre, expresso e informado de consumidores”, explica Lucas Marcon, advogado do Idec. 

Trata-se da maior ação judicial da história do país em proteção de dados pessoais. Caso a causa seja ganha, o valor pago a título de dano moral coletivo é destinado ao Fundo de Direitos Difusos, vinculado ao Ministério da Justiça.

Segundo o Idec, o objetivo da ação é fazer com que o WhatsApp respeite as leis brasileiras e ofereça a opção da pessoa escolher se quer ou não fornecer seus dados que não são necessários para o serviço de mensagens, de forma simples e direta. 

“Do jeito que está desde 2021, para uma pessoa ter o direito de se opor a esse tratamento, ela precisa ar por uma série de etapas complexas e ainda é induzida a aceitar a Política de Privacidade toda vez que abre o aplicativo”, complementa Camila Leite Contri, coordenadora do Programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec.

A ação judicial também é resultado da petição encaminhada ao MPF em abril de 2021 pela Ekō, comunidade on-line que faz campanhas para cobrar ações de companhias em temas como mudança climática, direitos dos trabalhadores, discriminação e direitos humanos.

“A Meta trata brasileiros e brasileiras como cidadãos de segunda classe. A empresa é muito mais cautelosa ao lidar com as regras de países europeus, enquanto no Brasil e em outras nações do sul global, sua maior preocupação é o lucro, custe o que custar”, afirma Flora Rebello Arduini, consultora sênior de tecnologia e direitos humanos da Ekō. 

Além da indenização, o Idec e o MPF pediram uma medida liminar para que o WhatsApp adeque sua política de privacidade ao padrão utilizado na Europa até que a Justiça tome uma decisão definitiva.

COMO A META USA OS DADOS

Conforme o Idec, a Meta coleta dados das mais diferentes maneiras e, com a política de privacidade que está em vigor, o WhatsApp pode utilizar informações de consumidores para a oferta de produtos, serviços e publicidades. 

O aplicativo sabe, por exemplo, se alguém rompeu um relacionamento ao parar de conversar com determinada pessoa que tinha contato frequente. Com isso, pode ar a mostrar publicidades de autoajuda, de pacotes de viagens para fazer sozinho e até de bebidas alcoólicas, por exemplo. 

Todos os dias o WhatsApp capta dados dos usuários como o nível de bateria, localização, posts no status, nome e fotos de grupos. 

“É uma invasão enorme de privacidade que pode se transformar em publicidades invasivas e também perigosas. Isso sem falar na possibilidade de vazamento e da possibilidade de afetar até crianças e adolescentes”, sinaliza Luã Cruz, coordenador do Programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec.

O Brasil conta com cerca de 150 milhões de usuários no WhatsApp, aproximadamente 95% dos usuários de internet no país. O país é um dos maiores mercados do aplicativo, sendo um dos mais ativos tanto no número de usuários quanto na utilização.

Procurada pela imprensa, a Meta respondeu: “Não fomos intimados, portanto não comentaremos a respeito”. A ANPD também disse ainda não ter sido notificada sobre a ação.

No inicio deste mês, a ANPD emitiu uma medida preventiva para a suspensão da nova política de privacidade da Meta, mas trata-se de outro assunto. A política em questão havia entrado em vigor no último dia 26 e se aplica a fotos e textos compartilhados no Facebook, no Messenger e no Instagram.

Leia mais 6z23s

REGULAMENTAÇĀO

O que a punição à Meta pela ANPD nos mostra? 3m4046

Há 338 dias
PROTEÇÃO

ANPD intima Meta por uso de dados pessoais 11dz

Há 339 dias
DADOS

Vazam mais 22 mil chaves Pix t1i3h

Há 359 dias
SEGURANÇA

Vazam dados da Unimed VTRP 332f4x

DADOS

IA e LGPD: uma relação complexa 172o4

ARTIGO

Qual a relação da Secretaria de Direitos Digitais com a LGPD? 34h72