
Intuit pode estar de saída do Brasil. Foto: Pexels.
A Intuit, uma gigante americana de software de gestão na nuvem para pequenas empresas, desistiu de vender no Brasil o QuickBooks Online, sua principal solução.
Segundo a empresa informou aos seus clientes, a partir de outubro será impossível realizar novas s dessa oferta por empresas no Brasil. As s atuais valem até 30 de abril de 2023.
“Em quase 40 anos de trabalho, aprendemos que, globalmente, temos capacidade para atender a todas as questões contábeis dos nossos clientes – sem a necessidade de oferecer condições específicas a mercados fora dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá”, informou a empresa em comunicado.
Segundo apurou o site Neofeed, a verdade dos fatos pode ser justamente o contrário do que diz o comunicado oficial para os clientes (uma situação não tão incomum assim).
Conforme o NeoFeed, um dos motivos por trás da decisão está relacionado à burocracia do sistema tributário nacional, que geraria a necessidade de adaptações na solução, tornando o modelo de negócios da empresa inviável no país.
(A notícia deve ser recebido com júbilo por players brasileiros de software de gestão, que sempre dizem que as empresas de fora não são capazes de resolver o rolo tributário do país).
Fica a dúvida agora sobre o futuro da operação direta da Intuit no Brasil.
A companhia entrou para valer no país em 2015, com a aquisição da ZeroPaper, uma startup de sistema de gestão na nuvem para profissionais autônomos e micro empresas na qual a Totvs tinha participação.
Quatro anos depois, em agosto de 2018, a empresa lançou no país uma versão local do QuickBooks Online, que vinha sendo o centro das atenções desde então, com direito a campanhas de marketing, uma delas estrelada pelo comediante Fábio Porchat.
Na sua nota, a empresa dá uma pista sobre o futuro, falando que a decisão de encerrar a venda do QuickBooks.
O Mailchimp, uma das ferramentas mais populares para email marketing do mercado, foi de fato uma grande tacada da Intuit, que pagou US$ 12 bilhões pela empresa em setembro do ano ado.
A questão é que o Mailchimp é um produto vendido basicamente online, sem necessidade de customizações ou maiores serviços para os clientes, quase um modelo SaaS perfeito. A empresa nem tem uma equipe local no Brasil.
O Mailchimp era o case máximo do chamado bootstraping: a empresa nunca recebeu aportes de investidores e negou diversos pedidos de venda, crescendo internacionalmente mais ou menos na base do boca a boca. O faturamento fica na casa dos US$ 800 milhões por ano.
Já a Intuit é uma potência, no mercado desde 1983 e dona de marcas muito conhecidas nos Estados Unidos como TurboTax, Mint e Credit Karma.
Em seu último balanço financeiro, referente ao quarto trimestre fiscal da empresa e divulgado em agosto, a Intuit reportou receita de US$ 12,7 bilhões, 32% maior do que a registrada no ano fiscal anterior. O lucro ficou em US$ 2 bilhões.
Esse resultado, no entanto, é quase todo obtido nos Estados Unidos, que responde por mais de 90% do faturamento.
Na combinação geral dos fatores, parece não fazer muito sentido para a Intuit continuar no Brasil, se não for para emplacar o QuickBooks.