
Jhenyffer Coutinho. Foto: Divulgação.
Jhenyffer Coutinho, fundadora da HRtech Se Candidate, Mulher!, está ingressando como sócia na Gupy, onde terá uma missão difícil: ser líder na área de “experiência de pessoas candidatas”.
Na prática, Coutinho terá que lidar com o mau humor crescente dos usuários da Gupy, uma das maiores HRTechs no país, cuja insatisfação com o rumo dos processos seletivos vira e mexe se torna uma crise de imagem em redes sociais.
Em entrevista ao Startups, que trouxe a novidade em primeira mão, Coutinho foi franca.
“O que me atraiu a fazer parte da Gupy foi a mesma coisa que me deixou com medo de aceitar o convite”, afirma Coutinho. “É uma empresa com grandes oportunidades no B2C, mas que estava vivendo desafios nessa área”, agrega.
A profissional tem um background significativo na área. Fundada em 2020, a Se Candidate, Mulher! era focada na inserção profissional de mulheres, e chegou a ter 70 clientes e empregar 7 mil mulheres em 2023.
A empresa fez uma captação de R$ 1,2 milhão em 2022, mas fechou as portas recentemente.
O fato, aliás, foi divulgado pela própria Se Candidate, Mulher! em um press release, uma atitude provavelmente inédita no meio de startups, que não gostam de fazer muito alarde quando quebram (ou quando decidem fechar antes de quebrar).
Na nota, Coutinho disse que o motivo de fechar o negócio era a “falta de captação de recursos nos últimos meses” e a “falta de maturidade do mercado em relação à importância e benefícios da equidade de gênero”.
A missão de Coutinho é agora mudar a percepção dos usuários sobre os processos seletivos conduzidos pela Gupy. Não vai ser fácil: segundo uma análise da Folha de São Paulo, 1% das inscrições para uma vaga acabam em contratação.
Em junho, um post pedindo um boicote dos candidatos à plataforma chegou a viralizar no Linkedin.
A CEO da Gupy, chegou a fazer um post na mesma rede social abordando o assunto.
No texto, Dias adota uma linha de defesa sincera, afirmando que a Gupy é só um ATS, sigla em inglês para sistema de rastreamento de candidatos, um tipo de tecnologia usado para gerenciar processos seletivos cujas raízes estão nos anos 70.
“O software de recrutamento da Gupy é um "ATS". Uma sigla em inglês que se você pesquisar no Google vai entender que é uma categoria de plataforma para RH que existe há muitos anos no Brasil e outros países”, resume Dias.
A resposta rompe alguns dos princípios do marketing de empresas de tecnologia, que evitam a todo o custo ser identificadas com termos já estabelecidos (existem dezenas de empresas de ATS por aí) e buscam normalmente se posicionar como fornecedores de tecnologias da moda, como Inteligência Artificial.
Ainda no começo do ano, a HRTech publicou um manifesto de 24 pontos, prometendo melhorias no processo de seleção.
O chamado “Manifesto da Experiência da Pessoa Candidata” é dividido em promessas relativas ao processo de candidatura, seleção e para os envolvidos.
Uma das promessas mais chamativas é garantir uma satisfação acima de 90% dos candidatos durante a resolução de pedidos de e.
É preciso manter em mente o tamanho do público usuário da tecnologia da Gupy. No seu post, Dias menciona que 46 milhões de pessoas estão cadastradas na plataforma, usada por 3 mil empresas.