
Marcio Sequeira de Oliveira, criador do Mola. Foto: Divulgação.
O maior projeto de crowdfunding já realizado no Catarse é um kit para estudo de estruturas de arquitetura e engenharia. Com foco profissional e educacional, o projeto pode parecer até um jogo com um toque meio nerd. A seis dias de terminar sua arrecadação no site Catarse, o Mola captou nada menos do que R$ 532 mil.
A cifra é dez vezes mais do que o pretendido e mais ou menos o dobro do segundo lugar em arrecadação no site, um projeto destinado a financiar o sétimo álbum de estúdio da conhecida (pelo menos no circuito underground) banda de hardcore capixaba Dead Fish.
A ideia inicial do Mola surgiu durante o curso de pós-graduação em arquitetura de Marcio Sequeira de Oliveira na Universidade Federal de Ouro Preto, em que relatou ter percebido que a abordagem das disciplinas de estrutura era muito abstrata.
“O desafio era criar algo que pudesse demonstrar, de forma tátil e visual, o comportamento das estruturas arquitetônicas. É um conhecimento absolutamente necessário para todo engenheiro e arquiteto, especialmente na fase de concepção de projeto”, explica Oliveira.
O resultado é um modelo interativo que simula o comportamento de estruturas reais. O Mola é composto por um conjunto de peças moduladas que se conectam por imãs, permitindo inúmeras combinações.
“Depois de apresentar o Mola em diferentes países, várias pessoas perguntaram quando a versão de um kit estaria disponível, então senti que deveria compartilhar essa ideia com o maior número de pessoas possível”, conta.
O projeto no Catarse foi criado para possibilitar a produção do modelo em escala comercial.
A contribuição mais alta para o Mola, de R$ 10 mil ou mais, destinada a empresas e universidades, teve dois apoiadores. A recompensa para esse valor inclui 10 Kits Estruturais Mola, uma palestra com o criador do projeto e um workshop.
Para pessoas físicas, o recebimento do kit é possível para contribuições de R$ 350 ou mais. A partir de R$ 1 mil o usuário ganha 3 unidades do conjunto.
“Muitas universidades estão interessadas em adquirir as cotas com mais de 1 kit, mas estão com dificuldades burocráticas para realizar uma compra via financiamento coletivo. Mas essa é uma situação que nós já esperávamos”, revela Oliveira.
O kit produzido incluirá um livro com exemplos de estruturas montadas com o modelo, uma base metálica e peças para montar e testar as estruturas.
Segundo Oliveira, com o kit é possível montar mais de 100 configurações estruturais diferentes e visualizar uma série de situações associadas a conceitos estruturais.
Através da montagem de diversos modelos, o Mola possibilita a análise e compreensão de diferentes conceitos estruturais, associados à estabilidade estrutural, deslocamentos e deformações, comportamento de acordo com tipos de carregamento e contorno, entre outros.
Oliveira conta que a meta inicial de R$ 50 mil corresponderia à produção de aproximadamente 150 kits. Com o montante arrecadado, deve ser possível produzir cerca de 1,5 mil (que devem estar todos já adquiridos por meio das recompensas).
“Após a campanha o foco será a produção dos kits e a entrega das recompensas para os colaboradores do projeto, que está prevista para outubro de 2015. Em paralelo será feito um trabalho de comercialização dos kits no site do próprio produto”, explica o arquiteto.
Ele afirma que o público alvo serão os profissionais de arquitetura, engenharia e construção, estudantes, professores, empresas e universidades.
Apesar de envolver volumes altos para o mercado brasileiro de projetos de crowdfunding, o Mola ainda empalidece frente a projetos feitos nos Estados Unidos, onde nasceu o conceito.
No Kickstarter, site de crowdfunding americano, mais de 80 projetos já ultraaram a marca de US$ 1 milhão.
Os projetos mais bem sucedidos movimentam bem mais. O campeão do momento é o Coolest Cooler, que arrecadou US$ 13 milhões para, basicamente, construir um isopor high tech, com carregador USB, caixas de som, liquidificador e outras traquitanas.
Nem sempre as massas são sábias.