
Perguntas ainda sem resposta. Foto: Depositphotos.
A Magazine Luiza, uma das maiores empresas do varejo brasileiro, pode ser a porta de entrada para a nuvem da gigante chinesa Alibaba no Brasil.
Pelo menos, é o que deixa entrever a diretora-geral do AliExpress no Brasil e América Latina, Briza Bueno, em uma entrevista ao NeoFeed.
Segundo Bueno, a aliança inédita entre AliExpress e o Magalu, que vendem produtos um no marketplace do outro, poderia logo se expandir para sistema de logística de entrega e serviços de nuvem.
“O AliExpress tem um segmento importante em cloud. Há portas abertas para esses caminhos”, disse Bueno ao site, sem dar maiores pistas.
Por sua parte, o Magazine Luiza confirmou para o Neofeed que há planos na área de logística com o AliExpress, mas não comentou nada sobre a parte de nuvem, nem mesmo se o plano está em discussão.
É uma pena, porque um acordo da Magazine Luiza com o Alibaba na área de nuvem teria um potencial enorme. Resta portanto especular um pouco.
O tipo de colaboração não é difícil de imaginar. O Alibaba é um dos maiores players de computação em nuvem do mundo, mas sua presença é quase toda concentrada na China.
Em outros mercados da Ásia, a empresa também tem ganho espaço, ficando entre os três maiores. Zonas de nuvem foram abertas também na Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e no Oriente Médio, indicando ambições de alcance mundial.
No ano ado, o Alibaba deu o primeiro o na América Latina, inaugurando uma infraestrutura própria no México sobre a qual não se sabe quase nada, uma vez que a empresa fez segredo sobre o tamanho, a data de abertura e até a finalidade estratégica do investimento.
O Alibaba já ensaiou uma presença no Brasil, em outro movimento cheio de mistério. Em 2019, o UOL Diveo anunciou em nota que era um parceiro do Alibaba no Brasil.
Procurado pelo Baguete na época, o Alibaba disse que já estava trabalhando no país desde o ano anterior.
O UOL Diveo nunca mais voltou a falar sobre o Alibaba. Já no ano seguinte, em 2020, a empresa foi vendida e virou a Scala, um negócio focado em infraestrutura para grandes players de nuvem.
O Alibaba nunca mais falou de presença no país até o comentário de Briza Bueno sobre as possibilidades de trabalho com o Magazine Luiza.
Bueno está no Alibaba há três anos e meio, tendo vindo da Americanas, onde era head de marketing. Pelo perfil e background, não parece alguém muito entendida na área de TI. Por outro lado, ela está dentro da operação.
Em tese, o Alibaba poderia competir no mercado brasileiro. Para muitos analistas, a tecnologia dos chineses compete com a de grandes players como o Google. Outros apontam que no longo prazo, a empresa é o único competidor viável para a AWS.
A Tencent, principal concorrente do Alibaba na China, abriu um data center no Brasil em 2021 e vem fazendo movimentos discretos para consolidar uma presença local.
Para a Magazine Luiza, uma aproximaçao com o Alibaba na área de nuvem também poderia fazer sentido. A empresa anúnciou sua entrada no mundo cloud no final de 2023, colocando os primeiros serviços no mercado no ano seguinte.
A solução, com tecnologia própria, abarcava 30% de toda a tecnologia da companhia em abril de 2024 e havia sido desenvolvida nos dois anos anteriores.
O período coincide com o boom de aquisições da empresa entre 2020 e 2021, muitas delas no setor de tecnologia. O plano era que o negócio cloud se tornasse independente no médio prazo.
No ano ado, a Magazine Luiza divulgou que a plataforma já está em uso por mais de 100 clientes e parceiros, que utilizam produtos de virtualização, armazenamento, rede e bancos de dados.
Só que de uns tempos para cá, muitos investidores estão se questionando se os planos tech da Magazine Luiza (condensados na fórmula “ser a Amazon brasileira”) são realistas, uma dúvida que certamente se aplica a criar um novo player de nuvem a essa altura do campeonato.
Se a Magazine Luiza quiser seguir mesmo nos planos de ser um provedor de nuvem, isso sem dúvida seria mais fácil tendo por trás alguém como o Alibaba, que tem o know how sobre como operar grandes centros de dados.