
Rogério Neves, fundador e CEO da Motbot. Foto: Divulgação
A Motbot é uma startup que quer disponibilizar abertamente na Internet para qualquer torcedor o que até agora era uma prática de bastidores de clubes de futebol: a "mala branca".
No jargão do esporte, mala branca é como é conhecida a prática de um clube oferecer dinheiro para outro, visando dar um incentivo extra para a conquista de um resultado positivo.
Já no mundo das startups, o que a Motbot faz se chama “plataforma de crowdfunding”, uma maneira pelo qual muitas pessoas podem aportar dinheiro numa causa ou produto, visando uma gratificação ou não.
Na Motbot, o interessado cria um conta na plataforma para fazer um Pix para um determinado clube, com a entrega do valor sendo associada a um resultado positivo em uma determinada partida.
Após a escolha, o valor fica em espera na plataforma até o final do jogo. Caso o time escolhido ganhe, a doação é reada para o clube.
Já em caso de derrota, o valor volta para a conta do torcedor, que pode utilizá-lo para uma próxima partida ou para doar para uma instituição de caridade.
Em caso de empates fora de casa, a distribuição muda. Se o torcedor fizer uma doação e o time empatar, metade do valor será doado e metade retorna para sua conta.
Metade do dinheiro vai para os atletas e a comissão técnica, 20% fica para o clube, 10% para instituições filantrópicas e 20% fica para a plataforma.
Atualmente, cerca de 21 times de futebol estão registrados no Motbot, sendo os mais conhecidos deles o Náutico, de Recife; o CRB e CSA, de Alagoas, o Vila Nova, de Goiás e o Gama, do Distrito Federal, clubes que geralmente estão entre a segunda e a terceira divisão do futebol brasileiro.
O resto da lista é menos conhecida, incluindo nomes como América Mineiro Futsal, o Tupi, o Uberlândia, o Itabirito, o Coimbra, e o Patrocinense, de Minas Gerais; o Campinense, o Auto Esporte, o Treze e o Queimadense, da Paraíba; o Estanciano, o Sergipe e o América de Propriá, do Sergipe; o Inter de Bebedouro, de São Paulo; o Gama, do Distrito Federal; e o Potiguar de Mossoró, do Rio Grande do Norte.
O que a maioria deles têm em comum é eventualmente cruzar com algum grande clube na Copa do Brasil, o que é uma ocasião para receber “incentivos” de torcedores do rival deste adversário.
A reportagem do Baguete ficou sabendo da existência da startup quando Neves deu uma entrevista para a Rádio Grenal, uma rádio de esportes de Porto Alegre, falando da possibilidade dos torcedores do Internacional fazerem doações para o Campinense, adversário do rival Grêmio na Copa do Brasil.
O acordo da Motbot com os clubes, inclusive, prevê que as instituições gerem conteúdo focado na parceria, o que deve ajudar na divulgação de tais ocasiões.
"A gente precisa de uma parceria do time. É importante que ele gere conteúdo, como entrevista com os atletas, para que no final de jogos que tiveram doações, algum atleta possa vir a público e agradecer aos doadores pela atitude", explica Rogério Neves, CEO da Motbot.
Formado em istração de empresas pela Universidade Federal de Minas Gerais, Neves iniciou sua carreira como diretor da E Tecnologia, empresa de soluções para geotecnologia, onde atua há mais de 27 anos.
Atualmente, o executivo é presidente da Associação dos Profissionais da Agrimensura e Topografia (APAT), CEO da E e do Mercado Topográfico, uma empresa de tecnologia que tem como objetivo democratizar os anúncios de produtos e serviços do ramo de Topografia e Geotecnologia.
O uso como uma maneira de oferecer “mala branca” é que mais deu visibilidade na mídia para a Motbot até agora. Mas a proposta não fica por aí.
O site também funciona como uma plataforma de experiências dos clubes de futebol, no qual os torcedores possam ter o a experiências exclusivas, e como um meio filantrópico, com doações sendo feitas para instituições de caridade.
A partir deste mês, a plataforma também ará a contar com um marketplace de experiências dentro de cada time. A cada real doado, o torcedor a a ganhar pontos no site, que poderão ser trocados por experiências exclusivas aos clubes.
"Eu acredito que essa vai ser uma das principais motivações para que o pessoal doe. Você pode trocar pontos por autógrafos de camisas, levar seu filho para assistir a um treino, conhecer jogadores, tudo trocando pontos", acredita Neves.
Em relação ao lado filantrópico, cerca de 14 instituições já estão cadastradas no Motbot, como a Associação de Amigos da Criança com Câncer de Mato Grosso, a Fundação Pró-Rim, o Grupo de Apoio à Criança com Câncer de Sergipe e a Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
No segundo semestre de 2022, em seis meses de funcionamento, a plataforma movimentou mais de R$ 300 mil em doações.
Recentemente, o time que teve maior adesão foi o CRB, que arrecadou mais de R$ 186 mil em quatro meses de parceria. Por meio dos torcedores do clube, mais de R$ 6 mil foram direcionados para instituições carentes.
Para o futuro, o CEO pretende internacionalizar o site, que já possui possíveis representantes no Chile, e expandir os esportes da plataforma.
"A gente entrou no futebol, mas a gente pretende ir para o vôlei, basquete, esportes individuais e esportes olímpicos, principalmente, pra quando for a próxima Olimpíada, a gente já estar com esse portfólio de esportes bem mais sedimentado", finaliza Neves.