
Netshoes agora funciona com um sistema interno. Foto: Divulgação.
A Netshoes decidiu trocar a ATG, plataforma de comércio eletrônico da Oracle, em uso na companhia desde 2010, e apostar em uma solução feita em casa.
Em nota divulgada para a imprensa, a companhia informa que os e-commerces no Brasil, México e Argentina já estão no ar com a nova plataforma.
A empresa não chega a mencionar no texto o ATG, mas a contratação do produto, um contrato de US$ 1 milhão, foi divulgada aos quatro ventos em 2010.
Na ocasião, a Netshoes estava “re-lançando” seus sites, cuja primeira versão entrou no ar em 2000.
Em 2014, a companhia atualizou a versão do ATG e implementou ainda a ferramenta de pesquisa Oracle Endeca.
Na nota, a Netshoes afirma que novo projeto vem ao encontro a um dos principais objetivos da companhia com a “reestruturação de tecnologia”, iniciada em 2016, permitindo que a área gerasse um “impacto mais direto no negócio”.
“O sistema produzido internamente tem como objetivo atender as necessidades particulares do nosso modelo de negócio. Ele já nasce na nuvem e é muito mais flexível para customização e novos desenvolvimentos”, explica no comunicado André Petenussi, diretor de tecnologia da Netshoes.
De acordo com Petenussi, com o novo sistema, as lojas virtuais serão “mais rápidas e dinâmicas”, com mais personalização para os clientes e melhor navegação no desktop, m-site e aplicativos.
Petenussi é ele mesmo parte da mudança de direção na área de tecnologia da Netshoes, tendo sido contratado em 2016 vindo da B2W, onde era o executivo responsável pela B Seller, um produto resultado da compra pela B2W do sistema de gestão de e-commerce Uniconsult, da plataforma de lojas online Kanlo e da e-Smart, especializada na plataforma Magento.
Petenussi era o CEO da Kanlo, e também foi CTO dos e-commerce Oppa e gerente de TI da Walmart do Brasil, além de coordenador de TI do Submarino.
A reportagem do Baguete chegou a pedir uma entrevista com Petenussi para a Netshoes, visando esclarecer melhor as tecnologias usadas na nova plataforma, além da avaliação da companhia sobre o custo de propriedade a longo prazo de um sistema com desenvolvimento interno, mas o e-commerce preferiu não falar.
A decisão de abandonar o ATG é um baque para a Oracle. A Netshoes é uma das principais plataformas de consumo online da América Latina, operando o site com o nome próprio, a Zattini e a Shoestock, além de mais de 20 e-commerces na região, como as lojas oficiais da NBA, NFL, Olympikus e Puma, e dos principais clubes de futebol da região.
O contrato com a ATG foi fechado em janeiro de 2010. A Oracle comprou a companhia no final daquele ano, em um negócio de US$ 1 bilhão.
Para a Netshoes, agora é ver se o sistema interno consegue ajudar a empresa a ter um desempenho melhor.
Desde que foi criada em 2000, a companhia nunca registrou lucro ou fluxo de caixa positivo, como afirmou a própria Netshoes no documento que enviou para análise na SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos, antes de abrir seu capital por lá em abril de 2017.
No ano de 2017, a Netshoes registrou um prejuízo líquido de R$ 170,3 milhões, ante uma perda de R$ 151,9 milhões no ano anterior. As vendas brutas cresceram 17,3%, para R$ 2,58 bilhões.
Pouco antes de completar um ano na bolsa de Nova York, os papéis acumulam uma desvalorização de 63,8%.