PAGAMENTOS

O fim do dinheiro em espécie se aproxima? z5os

Antes da Covid-19, as transações diárias em espécie ocorriam por 70% da população brasileira. 3o3l26

26 de junho de 2020 - 07:46
Gastão Mattos, líder da IDid. Foto: divulgação.

Gastão Mattos, líder da IDid. Foto: divulgação.

Entre os efeitos causados pela pandemia em todo o mundo, o uso de papel moeda tornou-se alvo de grandes mudanças, já que o dinheiro é algo que circula de mão em mão, o que contraria os princípios ideais de higiene, fundamentais para a prevenção do novo coronavírus.

Segundo um levantamento do Instituto Locomotiva, antes do surto da Covid-19, as transações diárias em espécie ocorriam por 70% da população brasileira e, agora, o aumento de pagamentos online, por transações sem contato, tecnologia NFC ("near field communication") e uso das carteiras digitais tem sido o principal meio de negociações, por causa da grave situação sanitária.

Assim como ocorreu o processo da transformação digital urgente, o uso do dinheiro convencional também tem ado por uma mudança radical para o sistema digital e que tende a perdurar depois que acabar esse cenário de crise.

Como exemplo, a consultoria Bain & Company fez uma pesquisa com mais de 2 mil consumidores brasileiros em abril deste ano e o resultado apontou que 48% estão predispostos a mudar sua forma de pagar depois da pandemia, principalmente por meio de celulares e cartões.

A pandemia não é a única responsável pela realização maciça de pagamentos digitais. As inovações tecnológicas têm cooperado bastante para essa transformação. A digitalização nos últimos anos, que envolve sites, aplicativos e no próprio setor financeiro, trouxe uma mudança no modo de consumo, colocando em discussão à existência de moedas e cédulas como formas de pagamento.

Outro motivo para a adoção da digitalização é o custo para a produção do dinheiro em espécie. No Brasil, por exemplo, a produção de mil cédulas de R$ 100, realizadas pela Casa da Moeda, chegaria a um gasto de R$ 299,31, conforme dados publicados em março de 2020 no site do BACEN, sendo que o orçamento também inclui despesas com segurança e logística, por exemplo.

A impressão de moedas e cédulas tem sido muito debatida nesse período de pandemia e alguns especialistas defendem que manter esse custo adicional causará consequências, prejudicando até mesmo a retomada econômica da nação.

Diante do acalorado debate sobre a moeda, o Brasil tem apresentado boa assimilação no uso dos pagamentos digitais. Segundo levamento realizado pelo IDC, simultaneamente no Brasil, Colômbia e México, 61% dos entrevistados brasileiros apontaram que preferem o uso digital, 62% os mexicanos e 52% os colombianos. Já a utilização dos serviços financeiros sem local físico, o Brasil lidera com 56% de interesse, México 34% e Colômbia 30%.

 

Desafios ainda básicos

Apesar da aparência de cenário favorável à utilização da digitalização financeira, o Brasil possui ainda muitos problemas básicos para obter esse modelo de serviço. Para começar, temos o ainda existente nível preocupante de bancarização no país, onde 43 milhões de pessoas não possuem contas bancárias.

Um exemplo recente sobre a bancarização brasileira pode ser visto pelos dados da Caixa Econômica Federal (CEF), ao indicar que cerca de 40% dos brasileiros (24 milhões de pessoas) que estão recebendo o auxílio emergencial de R$ 600, não possuíam nenhuma conta em banco antes da pandemia do novo coronavírus.

Esse percentual indicou as dificuldades das pessoas de terem o aos serviços do governo federal, já que não tinham como receber o aporte.

Junto à questão da bancarização, ainda presenciamos que existem dificuldades e limitações de o à internet no Brasil. O mapeamento do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), realizado em outubro de 2019, mostra uma desigualdade de o em relação ao nível social dos cidadãos.

O estudo indica que o uso da rede digital é acima de 90% nos lares mais abastados, enquanto 48% das residências das classes D e E desfrutam desses serviços. Hoje, são 67% o total de residências conectadas e no ranking de 100 países, o Brasil aparece em 31º lugar.

Em resumo, os dois exemplos dos desafios de bancarização e inclusão digital precisam ser eliminados, já que são serviços essenciais para a adoção do uso das negociações digitais no Brasil.

Por outro lado, como auxílio para a transformação digital financeira, empresas de diversos setores, como inovação, financeira e segurança da informação têm desenvolvido soluções que proporcionam transações monetárias digitalmente com mais simplicidade e segurança.

São projetos que visam garantir os serviços de negociações e transações monetárias com total confiabilidade, podendo ser realizado do próprio celular das pessoas.

Vale lembrar que, hoje, seis em cada dez brasileiros das classes A, B e C utilizam meios digitais de pagamentos, como aplicativos próprios (PayPal, PagSeguro e Google Pay), canais de pagamento de contas, além de compras e transação pela Internet. O brasileiro é o que mais utiliza smartphones na América Latina para realizar suas atividades financeiras (24,3%), segundo o IDC.

Por isso, que é preciso ampliar o incentivo aos projetos tecnológicos, para aumentar ainda mais o número de atividades financeiras digitais, porque queremos um país em que todas as classes sociais tenham o a esses serviços.

A pandemia deu um forte empurrão para transformar o comportamento do indivíduo em relação ao consumo e na maneira de pagar. Os cuidados com a saúde estão no topo das exigências na hora de adquirir algo e o dinheiro físico, hoje, não está vinculado a esses quesitos. A tecnologia para as atividades financeiras são as melhores opções para esse momento e depois que a tempestade ar.

No entanto, a moeda em espécie não será totalmente eliminada do cotidiano das pessoas em pouco tempo, já que envolvem questões sociais e estruturais em muitos países. Mas, a digitalização monetária tem causado um impacto no mundo, com um processo mais rápido e que traz como benefícios facilidade, rapidez e, acima de tudo, segurança de utilização.

Hoje, o meio digital é uma prova essencial para a inclusão social ao sistema financeiro e, principalmente, base de apoio na melhoria econômica, com um modelo que tende a perdurar com mais ênfase no pós-pandemia.

*Por Gastão Mattos, líder da IDid.

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