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Larry Ellison.
A expectativa para ouvir Larry Ellison, atual chairman e CTO da Oracle, era grande, com filas quilométricas em torno do Moscone Center, no centro de San Francisco.
Afinal de contas, era a primeira fala oficial do executivo para um grande público após a sua saída do cargo de CEO da companhia, depois de mais 30 anos à frente da empresa.
E assim como a empresa aponta novos tempos em sua istração, Ellison apontou de vez a nuvem como o novo futuro dos negócios da empresa.
Em seu keynote, um dos dois que abriram o Oracle Open World, o executivo anunciou o lançamento de uma versão turbinada de sua suite cloud, desta vez levando o Oracle Database, um de seus produtos-chave, para o ambiente na nuvem, com recursos idênticos ao database local.
Segundo Ellison, com o banco de dados da empresa agora rodando também em plataforma-como-serviço (PaaS), a Oracle quer solidificar sua posição como um player completo na nuvem.
"O database é nosso maior negócio em software e agora será nosso maior negócio em nuvem. Estamos apenas começando", soltou Ellison, ganhando aplausos dos fãs presentes.
Com esta nova postura, descrita por ele como a "quarta geração" de arquitetura de TI (depois do mainframe, cliente/servidor e web), o plano é atender a quem quer rodar softwares na nuvem (SaaS), customizar e expandir estas aplicações (PaaS) e também guardar todos estes dados em uma infraestrutura externa (IaaS).
De acordo com Ellison, o futuro da Oracle se baseia em proporcionar aos clientes a escolha de rodar seus ambientes de TI da forma que for mais conveniente, seja ela in-house ou na nuvem.
“Esta nova Oracle na nuvem permite que empresas movam qualquer banco de dados do datacenter para a nuvem com o apertar de um botão", falou o executivo, entre um gole de Coca-Cola e outro. "É o mais próximo que tenho de um vício em drogas", brincou, olhando para a garrafinha de refrigerante.
Segundo Ellison, ao mover seus ambientes do banco de dados Oracle para a nuvem, as aplicações também serão modernizadas, ganhando recursos de multitenência, mobilidade e redes sociais.
"Isso é feito sem mudar uma linha sequer de código, em linguagens que vocês, desenvolvedores usam. Com a plataforma, é possível usar linguagens como Java, SQL e desenvolver aplicações ou expandir as que temos", destacou.
Foi a deixa para que o fundador da Oracle disparasse suas críticas para a concorrência, citando empresas como Salesforce e SAP, que nos últimos anos entraram no caminho de sua companhia.
Ao falar da Salesforce e suas aplicações para varejo e relacionamento com cliente, Ellison foi mais educado, comendando a empresa por também contar com uma plataforma em que seus clientes podem trabalhar.
"Pelo menos eles têm uma plataforma. Mas eles desenvolvem em nossas plataformas e depois tornam seu software proprietário", cutucando a empresa de Marc Benioff e citando o fato que ela desenvolve em linguagens que a Oracle é a dona.
Já em relação à SAP, Ellison foi bem menos diplomático, destacando que soluções como Ariba e SuccessFactors, recentemente comprado pela empresa alemã e que será disponibilizado em nuvem no Brasil no início de 2015, rodam em linguagens Oracle.
"Eles (SAP) falam que o Hana dá poder para a nuvem. Que nuvem? Eu não sei do que eles estão falando. É rude, mas é a verdade. Vamos falar sobre o planeta Terra", disparou.
De acordo com analistas, ao pisar no acelerador em sua postura como uma empresa de serviços na nuvem é se manter relevante em um mercado de TI onde as necessidades estão cada vez mais pulverizadas.
"O problema é que a Oracle precisa lidar é com a possibilidade ou não de que as aplicaçõe existentes poderão rodar de forma eficiente na sua nuvem, algo que ainda não foi testado de forma ampla", comentou Holger Mueller, VP da Constellation Research.
APLICAÇÕES E INFRAESTRUTURA
Embora a parte de plataforma foi o destaque da fala de Ellison, o executivo também falou sobre softwares e infraestrutura como serviço.
De acordo com o CTO, a Oracle é a atual líder mundial em aplicações para o mercado, atacando em frentes como varejo, recursos humanos e gestão (ERP). Conforme explicou Ellison,
Para demonstrar isso, ele listou dezenas de diferentes aplicações disponíveis e as lançadas no últimos ano, frisando que estas novidades trouxeram à empresa mais de 2 mil novos clientes SaaS nos últimos doze meses.
"No segmento core de gerenciamento de capital humano (HCM, na sigla em inglês), vendemos mais que a concorrência nos últimos dois trimestres. Estamos, pela primeira vez, competindo de forma bem-sucedida com a Salesforce.com", afirmou.
Para fechar, na parte de infraestrutura, Ellison foi mais comedido. Segundo ele, o preço destes serviços se tornou comoditizado com a concorrência pesada de empresas como Amazon e Microsoft.
"Não vejo um problema na comoditização. É possível fazer ganhos com preços comoditizados", afirmou, citando em seguida a estrutura da companhia, com 19 datacenters globais e cerca de 62 milhões de usuários.
Para o futuro, o Brasil deve entrar na lista de países com data center Oracle. No final de 2013, Mark Hurd, atual CEO da empresa, fez o anúncio em evento em São Paulo, mas não deu maiores detalhes.
A promessa foi de que o centro estaria pronto ainda no primeiro semestre de 2014, mas até agora nada.
* Leandro Souza cobre o Oracle Open World em San Francisco à convite da Oracle.