FALEM COM O CHEFE

Pontes: Bolsonaro decidirá sobre Huawei 2z582t

Ministro de Ciência de Tecnologia lavou as mãos na briga Huawei x Estados Unidos em Barcelona. 6d631h

27 de fevereiro de 2019 - 09:04
Marcos Pontes preferiu não se envolver nos problemas da Huawei. Foto: flickr.com/photos/sintonizemcti/

Marcos Pontes preferiu não se envolver nos problemas da Huawei. Foto: flickr.com/photos/sintonizemcti/

O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, lavou as mãos no assunto Huawei, afirmando durante o Mobile World Congress em Barcelona que uma eventual decisão de barrar os chineses no país será do presidente Jair Bolsonaro.

“O Ministério da Ciência e Tecnologia não tem como fazer qualquer interferência geopolítica. A nossa posição é mais técnica. A decisão sobre a fabricante chinesa Huawei caberá ao presidente Bolsonaro”, disse Pontes a jornalistas brasileiros presentes, segundo informa o Telesíntese.

A afirmação de Pontes mostra que o ministério não recebeu, ou se recebeu não se deixou influenciar, por um eventual lobby de operadoras de telefonia brasileiras hoje já grandes clientes da Huawei e prestes a terem que tomar decisões sobre a expansão do 5G no país.

Recapitulando: o governo americano decidiu banir a tecnologia da Huawei dentro do governo e nas redes de telecomunicações do país, alegando que o uso de tecnologia da empresa abriria uma porta para espionagem de dados americanos para o governo da China.

O assunto esquentou nos últimos meses, com a prisão no Canadá da CFO da Huawei, pendente de extradição para os Estados Unidos por uma suposta infração ao bloqueio comercial ao Irã. 

Políticos americanos começaram nesta semana uma campanha por retirar equipamento da Huawei já instalado no país, não apenas limitar compras futuras.

A Huawei, por sua parte, decidiu partir para o contra ataque, inclusive dentro do Mobile World Congress.

O chairman da empresa, Guo Ping, fez um dos keynotes do evento, durante os quais deu o recado da Huawei.

Depois de mostrar um slide no qual dizia que a Huawei “não plantou e nunca plantará backdoors” nos seus equipamentos, Ping partiu para cima dos Estados Unidos, dizendo que as acusações de espionagem não tem “nenhuma evidência, nada”.

“Vou dizer isso claramente: a Huawei nunca vai colocar backdoors, ou permitir que alguém coloque elas no nosso equipamento. Nós levamos isso muito a sério. As operadoras são responsáveis pela operação segura das suas rede. Os operadores podem prevenir ataques de fora”, garantiu Ping.

O executivo chinês acusou os americanos de hipocrisia, ao destacar que o US Cloud Act, uma lei aprovada em 2018, exige que empresas como Amazon, Microsoft e outros provedores de nuvem entreguem dados ao governo se exigidos, o que se aplica não importa onde os dados estejam armazenados.

Parece um pouco forçar a barra comparar a relação que Microsoft e Amazon possam ter com o governo americano, uma vez que essas empresas podem ter divergências públicas com o governo e seguir existindo, o que não deve ser o caso da Huawei na China.

Por outro lado, uma possível captação de dados hospedados em nuvens em outros países deixaria algum tipo de rastro legal, o que não é o caso de uma política de backdoor não declarada, que é a acusação que os americanos fazem contra a Huawei.

Por fim, é preciso lembrar também que os Estados Unidos tem um interesse em proteger suas próprias empresas de equipamentos de telecomunicações, que não são tão competitivas como a Huawei e que tudo isso está acontecendo em meio a uma guerra comercial mais ampla com a China.

Numa coisa Pontes está certo. A discussão entre Huawei e Estados Unidos é uma briga geopolítica de cachorro grande, na qual o Brasil provavelmente faz bem esperar um alinhamento dos campos antes de tomar um partido.

Países próximos dos Estados Unidos como Austrália e Nova Zelândia também aderiram à decisão, alegando riscos de segurança nos equipamentos da Huawei. 

A Alemanha pediu garantias de segurança para a companhia e está estudando o assunto, com o governo dividido sobre que curso seguir, por exemplo.

No Brasil, o tema surgiu para valer só uma vez, em circunstâncias algo bizarras, quando da visita à China de uma delegação de cerca de uma dezena de deputados federais e senadores, a maioria deles do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

 Os políticos, que ainda nem tinham assumido os cargos, foram ao país a convite do governo chinês, para “conhecer novas tecnologias”, incluindo o muito comentado sistema de reconhecimento facial atualmente sendo implantado na China. 

A viagem certamente foi também uma ocasião para que a Huawei defendesse o seu lado da disputa com os Estados Unidos.

A visita da delegação, formada em sua maioria por políticos de primeira viagem e pouca expressão, acabou se tornando uma polêmica nacional quando o filósofo Olavo de Carvalho, apontado como o mentor intelectual do novo governo, gravou um vídeo com duras críticas.

Carvalho chamou os parlamentares de "palhaços", "analfabetos" e "caipiras", entre outras coisas, defendendo a tese do governo americano que trazer tecnologia da China para o país era de fato abrir a porta à espionagem chinesa.

Não ou despercebido a muitos defensores de Bolsonaro nas redes sociais que o partido comunista chinês estava por trás da viagem, uma contradição com o discurso anti-esquerdista do novo governo.

As opiniões do filósofo radicado nos Estados Unidos tem peso. Ele é tido como o nome por trás da indicação do ministro das Relações Exteriores e da Educação, além de ter um o privilegiado a Bolsonaro e seus filhos.

A briga entre os parlamentares e Carvalho, no entanto, ocorrida há pouco menos que um mês, acabou não tendo resultado prático ou continuidade, sendo enterrada no fluxo de acontecimentos desde então (2019 está sendo um ano e tanto).

Mas é fato que o novo governo de Jair Bolsonaro tem se alinhado quase que automaticamente à política exterior americana em questões de grande impacto como a localização da embaixada brasileira em Israel. 

Parece difícil de imaginar que a Huawei seja o ponto onde essa orientação vá mudar de curso. Por outro lado, a liderança da multinacional no país é formada por um contingente algo anônimo de executivos chineses, aparentemente sem maiores contatos locais.

Por outro lado, a Huawei tem feito um esforço institucional para incrementar sua presença no Brasil por meio de dezenas de acordos de pesquisa com diferentes universidades, provavelmente de olho em contratos futuros quando o 5G chegar ao país.

Mas o fato é que a comunidade acadêmica brasileira, uma potencial defensora da Huawei com base no seu interesse nesses investimentos, não está em um momento especialmente privilegiado.

Marcos Pontes é um outsider nos círculos acadêmicos ou políticos de onde costumavam vir os nomes dos quais costumava vir o comando do Ministério e tende a se alinhar com Bolsonaro, o fiador da sua posição, como ficou demonstrado em Barcelona.

O ex-astronauta não parece muito disposto a comprar brigas: depois do Estadão revelar os planos do governo de fechar a Ceitec, centro de produção de chips em Porto Alegre e parte da estratégia de ciência e tecnologia do país até pouco tempo atrás, Pontes soltou uma nota morna que não se comprometeu em defender a estatal.

Ainda assim, é meio cedo para dizer qualquer coisa. A Huawei é o grande assunto dos bastidores do setor de telecomunicações no momento, mas ninguém está falando grandes coisas em público.

O presidente da Nokia, Rajeev Suri,  foi o único a tratar do assunto em aberto no Mobile World Congress, ao dizer que “nada atrasaria o avanço das novas tecnologias”. 

A Nokia, é claro, é uma grande beneficiada em potencial de um boicote em maior ou menor medida á tecnologia da Huawei no ocidente.

Recentemente a Deutsche Telecom publicou um estudo que afirmava que o banimento da Huawei iria provocar o adiamento da 5G na Alemanha em pelo menos três anos, o que é uma forma indireta de pressionar pelo direito de comprar Huawei.

A GSMA, organização criada por fabricantes e operadores de celular para disseminar a tecnologia móvel, prefere não se posicionar diretamente sobre o tema.

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