ME DÊ MOTIVOS

Por que o 99 Food vai sair do Brasil? 343lh

Concorrência acirrada, dificuldades logísticas e risco político nas alturas. 471u3q

23 de março de 2023 - 08:24
Dennis Nakamura, sócio da GoldStreet Venture Capital e mentor de negócios digitais. Foto: Divulgação

Dennis Nakamura, sócio da GoldStreet Venture Capital e mentor de negócios digitais. Foto: Divulgação

Como amplamente noticiado e com apenas três anos e meio de mercado, a caçula do Delivery, 99 Food, programa sua despedida do mercado brasileiro. A empresa, que atuava em quase 60 cidades em 22 estados do país, não divulgou os motivos exatos que a levaram a tomar essa decisão.

No entanto, alguns fatores podem ser apontados como possíveis causas para a saída da empresa do mercado brasileiro.

Anteriormente já havia avaliado as razões para a multinacional Uber EATS deixar nossas terras tupiniquins e acredito que com o anúncio da saída da 99 Food, controlada pela chinesa gigante Didi Chuxing e a já desistência pela James Delivery, controlada pelo GPA, e o Alfred implica em novas configurações do mercado nacional de delivery online.

A concorrência acirrada no mercado

Sem dúvidas uma das grandes razões para a saída da 99 Food pode ser a forte concorrência no mercado de delivery de comida no Brasil. A empresa chegou tarde no mercado, em um momento em que já existiam diversas plataformas consolidadas, como o iFood, o Rappi e o próprio Uber Eats.

A entrada tardia fez com que a 99 Food tivesse que competir com empresas já estabelecidas com grande poder de investimentos e marketing, o que pode ter dificultado sua consolidação no mercado.

Num mercado já consolidado, altos investimentos são essenciais para a aquisição de clientes, que muitas vezes já estão cativos dos concorrentes.

A outra forma de se ganhar mercado é se utilizar das falhas de mercado e dos concorrentes, porém isso requer muito conhecimento do segmento e capilaridade de informações, que nem sempre estão facilmente disponíveis a todos.

O negócio do delivery

No geral, na logística se ganha eficiência com o que chamamos de consolidação de carga, quando uma mesma pessoa faz diversas entregas numa única rota economizando tempo, energia e combustível do veículo.

É o que tem acontecido com a expansão dos CDs (centros de distribuição) e os centros de consolidação de carga em todo país.

Porém isso é difícil de se realizar no segmento do delivery de comida, uma vez que o produto é altamente perecível.

Um atraso de 10 minutos já é suficiente para gerar reclamações por parte dos famintos consumidores que receberam suas comidas fora da temperatura esperada, quase obrigando com que a entrega dificilmente seja consolidada com o pedido de outro consumidor.

Risco político alcança novas alturas

Se antes o risco político desses aplicativos era alto, agora o risco chega em novos níveis com a falta de conhecimento sobre o funcionamento da economia e o mercado de delivery dos governantes e juízes federais.

Diferentemente dos países desenvolvidos, geralmente, numa tentativa de ajudar os trabalhadores, acabam criando regras que os atrapalham na maioria das vezes, aumentando enormemente o risco e ivo trabalhista.

A busca pela rentabilidade

Por fim, a saída da 99 Food pode estar relacionada à busca pela rentabilidade. Apesar da facilidade gerada pelo acordo fechado em fevereiro de 2023 entre iFood e CADE (Conselho istrativo de Defesa Econômica) o mercado de delivery de comida no Brasil continua altamente competitivo no quesito que chamamos de “espaço de tela do usuário”, uma vez que o consumidor não costuma instalar mais de 3 aplicativos do mesmo uso em seu celular.

Isso pode ter tornado difícil para a 99 Food alcançar o “share of mind” (lembrança da marca na cabeça dos consumidores) e a rentabilidade necessária para manter suas operações no país.

Conclusão

Com o encerramento das operações do 99 Food no Brasil, várias questões surgem sobre o futuro do mercado de delivery de comida no país. Uma das principais é o impacto sobre a concorrência, com a saída de um relevante “player” do mercado.

Isso pode levar a uma maior concentração do mercado nas mãos do iFood e do Rappi, prejudicando a diversidade e a competição entre as empresas, forçando cada vez mais os restaurantes a internalizarem os processos de marketing e vendas de delivery para reduzir suas dependências desses aplicativos.

Além disso, o fechamento do 99 Food e também dos já comentados Uber Eats, James Delivery e Alfred também terá consequências para os entregadores e restaurantes parceiros da plataforma, que agora precisarão buscar alternativas para manter seus negócios.

Muitos entregadores trabalhavam para mais de um aplicativo de entrega, e agora terão que se adaptar a novas realidades. Resta aguardar como o mercado brasileiro de delivery de comida irá se adaptar às mudanças.

*Por Dennis Nakamura, sócio da GoldStreet Venture Capital e mentor de negócios digitais.

Leia mais 6z23s

MUDANÇA

99Food encerra delivery de comida 3af6y

Há 874 dias
TRANSPORTE

Prefeitura de São Paulo lança “Uber” próprio 345j5e

Há 811 dias
CLOUD

Uber migra para nuvens Google e Oracle 3t1b5b

Há 835 dias
DELIVERY

Cade limita contratos de exclusividade da iFood 2x3k4h

TRANSPORTE

Moto: Uber e 99 dão para trás 3py4y

ENTREGAS

Vem aí a regulamentação dos apps? 4j6d3c