
Os usuários do transporte coletivo porto-alegrense terão, em breve, mais uma opção de serviço online ao buscar rotas para os seus destinos.
O estudante de análise de sistemas gaúcho Ederson Brilhante, 21 anos, desenvolveu o portal TrafegueBem, que permite ao usuário buscar por itinerários das linhas de transporte público e táxi da capital.
No corredor de ônibus
Brilhante adotou um modelo que segue o rastro do PoaBus (também desenvolvido de forma independente em 2010) e do PoaTransporte (da EPTC, lançado em 2011).
No endereço Trafegue Bem, que está no ar desde 14 de fevereiro em fase beta, é possível visualizar e buscar por logradouros e horários dos transportes.
Desenvolvido em Java e PHP, o portal está hospedado nos Estado unidos, mas Brilhante tem planos de hospedá-lo na Amazon, utilizando a tecnologia de cloud computing. A ideia surgiu em maio de 2010. Hoje, o site conta com 88 usuários únicos e já registrou 2 mil visitas na versão Beta.
Serviço “voluntário”
Sem qualquer auxílio de investidores, Brilhante afirma que trabalhou sozinho no projeto, contanto apenas com a ajuda de Vinícius Vidor para a criação do logo. O analista não vê o projeto como um concorrente do Poa Bus e também não espera que o portal tenha retorno financeiro em curto prazo.
“A minha ideia inicial não é ganhar dinheiro, mas ajudar as pessoas a se locomover dentro da capital”, afirma o analista de sistemas.
Nade de ads xaropes
Apesar de não ser o foco, o desenvolvedor já pensa em uma estratégia de rentabilização: propagandas diferenciadas e com o foco no perfil dos usuários.
“Nada de publicidade xarope! A ideia é que o usuário, ao se cadastrar no portal, gerencie um perfil com suas preferências de lazer e gastronomia, por exemplo, e assim o site possa destacar pontos no mapa relacionados a essas preferências junto com o logradouro selecionado pelo usuário”, explica o analista.
Brilhante também espera que o portal funcione como uma ferramenta colaborativa, a partir da qual os internautas possam agregar logradouros ou fazer comentários sobre itinerários.
No próximo semestre, o desenvolvedor pretende ampliar o portal, agregando rotas de outras capitais gaúchas e, futuramente, buscar investidores para mapear as demais rotas das regiões do país.
Parada na escala
Brilhante tem o primeiro projeto a sonhar fora das rotas da capital.
A ousadia, no entanto, pode levar para o mesmo caminho do antecessores. O PoaBus, por exemplo, teve dificuldades na arrancada, em função do grande sucesso.
Hospedado em uma conta gratuita do Google, o serviço público – sem qualquer apoio do poder público – chegou a virar fonte de custo para o estudante da UFRGS que o criou. Hoje, o PoaBus segue no ar, de forma independente, e com eventuais problemas para manter a escala.
Enquanto isso, o site da prefeitura peca pela interface e a falta de recursos oferecidos pelo PoaBus, apesar de informações em maior quantidade e mais confiáveis, já que vêm da fonte oficial.
Lições que vêm de fora
Para manter os sites em funcionamento, as soluções podem ser técnicas ou de negócio.
No primeiro caso, o exemplo é o Cruzalinhas, de São Paulo, criado pelo programador Carlos Duarte do Nascimento, mais conhecido como Chester. Ele mantém o site de forma gratuita e sem anúncios, apenas com pedidos de doações, que “quase nunca aconteceram”, revela.
O jeito foi apostar na tecnologia.
“São várias decisões (de arquitetura, implementação e até de features) que ajudam o Cruzalinhas a escalar bem a ponto de, até agora, eu conseguir manter a cota free do Google”, diz Chester.
Já no caso do londrino Busmapper, cofundado pelo empreendedor Azmat Yusuf, é a publicidade que mantém o serviço. Yusuf ganha com anúncios em aplicativos móveis gratuitos e também com versões pagas para plataformas de celular e tablet do seu produto.
Por enquanto, as estas estratégias têm funcionado. Tanto o Cruzalinhas quanto o Busmapper estão rodando.