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Prédio da Procergs (redondo) durante o alagamento. Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini.
A Procergs, estatal de tecnologia do Rio Grande do Sul, migrou o seu data center para a Oracle Cloud Infrastructure (OCI) em apenas nove horas durante as enchentes que atingiram Porto Alegre em maio deste ano.
Por sorte (ou juízo), quando a água atingiu a sede da companhia, um contrato de R$ 2,1 milhões recém havia sido fechado com a empresa de tecnologia, mais especificamente no dia 4 de abril. A inundação chegou no dia 6 de maio.
“Antes da enchente, a gente já estava falando de levar as máquinas físicas para o nosso OCI, mas o projeto era de nove meses e ainda ia começar. E então a água começou a subir”, contou Alexandre Maioral, presidente da Oracle Brasil, durante o Oracle CloudWorld, evento que reúne mais de 25 mil pessoas de 150 países em Las Vegas durante os dias 9 e 12 de setembro.
Na ocasião, o primeiro andar do prédio foi totalmente atingido em menos de um dia e a rede elétrica foi desligada. Em nota, o governo do Rio Grande do Sul informou na época que a água afetou o quadro elétrico, nobreaks e geradores.
"Nesse sentido, com o intuito de preservar a infraestrutura instalada e de ter condições de retomar nossas atividades no menor intervalo de tempo possível, a equipe responsável pela gestão da crise tomou a decisão consciente de desligar o data center, retirando temporariamente a maioria dos nossos serviços do ar", dizia nota do governo.
Como os equipamentos do data center estavam no segundo andar, os dados puderam ser salvos, principalmente na parte de backup.
“A gente levou um equipamento físico nosso que se chama Zero Data Loss, que é como se fosse um time capsule da Apple, de backup. Levamos isso, o exército retirou lá de dentro, colocou em cima de um caminhão e transportou para um avião de carga, que levou para a nossa região de nuvem de Guarulhos”, detalha Maioral.
Entre a retirada do hardware e a chegada a São Paulo, foram cerca de 18 horas. Depois disso, foi preciso fazer o transbordo para a cloud, levantando todos os ambientes na OCI e trazendo os backups para dentro, o que levou nove horas.
“Foi uma força-tarefa com priorização do que era mais crítico. Eles ouviram muito a gente e também trouxeram muita informação. Com isso, definimos em conjunto quais seriam os sistemas que iríamos subir rapidamente”, destaca Maioral.
Segundo o presidente da Oracle, a operação de emergência permitiu o pagamento dos salários na estatal, bem como o funcionamento de um sistema de distribuição de remédios e de um outro voltado à agricultura.
Após a migração em tempo recorde, a empresa está terminando outras ondas de sistemas que não estavam no data center.
O contrato de “prestação de serviços de e técnico e manutenção para os softwares e hardwares que compõem a Solução Zero Data Loss Recovery Appliance” tem vigência de quatro anos. Do valor total de R$ 2,1 milhões, apenas R$ 175 mil foram utilizados até agora.
“Nesse caso, nós fizemos sem olhar para o projeto, não fomos cobrar deles. A gente fez porque era uma questão de sobrevivência, muito na parceria de fazer subir rápido. De conseguir autorização dentro da companhia para poder pôr pessoas e serviços lá dentro, para poder migrar rapidamente para a nossa nuvem”, afirmou Maioral.
PÉ NO ACELERADOR
Através do exemplo da Procergs, a Oracle tem observado o interesse de outros clientes em acelerar suas migrações, o que é de interesse econômico da empresa. Isso porque um contrato assinado não é garantia de receita, o dinheiro só entra quando o consumo começa.
“Eu tive, entre ontem e hoje, umas 17 reuniões com clientes. Em todas elas, a gente contou. Muitos deles que têm projeto previsto para 12 meses, 18 meses, agora estão falando em fazer em três ou quatro. Daí é um pouco de ter a coragem de fazer, porque dá trabalho”, ressalta Maioral.
Segundo o executivo, os projetos acabam sendo tão longos porque existe todo um medo daquilo não dar certo. Mas, na tecnologia, os avanços são muito rápidos e não se sabe o que haverá de novo no mercado daqui a 18 meses.
“O grande ponto que a gente está tentando trazer é a mudança do status quo das operações, de entender que a água está subindo para muita gente. Então não dá para ficar esperando as tragédias acontecerem, porque elas vão acontecer. Não precisa ser uma enchente, mas pode ser uma questão econômica, uma questão política, uma questão qualquer”, explica Maioral.
Para tocar essas migrações, hoje a Oracle tem mais de 900 engenheiros no Brasil, onde está presente há mais de 30 anos. Os dois data centers comerciais brasileiros ficam em Guarulhos e Vinhedo, no estado de São Paulo.
No país, a companhia conta com mais de 2,4 mil colaboradores e tem escritórios em Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
Além da Procergs, a americana tem clientes como Vivo, Grupo Bimbo, Petz, Anima Educação, Globo, B3, Itaú, Bradesco, TIM, Oxxo, iFood, Facily, Grupo Herval, SkyOne, Mutant, Mercado Eletrônico, Sambatech, Suzano e WildLife.
A Oracle foi fundada em 1977 e soma mais de 400 mil clientes em 21 indústrias. O faturamento da multinacional é divulgado globalmente e, no ano fiscal de 2023, foi de US$ 50 bilhões, alta de 18% em relação ao período anterior.
*Luana Rosales participa do CloudWorld e do SuiteWorld, em Las Vegas, a convite da Oracle.