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A Receita Federal apreendeu mais de 650 mil celulares contrabandeados em 2024, segundo dados levantados pelo site MobileTime.
Acredita-se que esse número esteja subestimado, pois não inclui os celulares apreendidos na operação Barba Negra, realizada pelo órgão federal no fim do ano para combater a pirataria.
Avaliados em R$ 550 milhões, esses aparelhos seriam comercializados ilegalmente no chamado “mercado cinza”, onde produtos originais são vendidos em canais de distribuição não autorizados pelos fabricantes.
Muitos desses equipamentos entram no Brasil por diferentes rotas — terrestres, marítimas ou aéreas —, com a maior parte vindo do Paraguai ou por meio de importações irregulares.
Ao chegar ao Brasil, os aparelhos são comercializados em pequenas lojas de diversas cidades ou em marketplaces online.
Após uma denúncia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) determinou que Amazon e Mercado Livre removessem ofertas desses aparelhos irregulares.
Essas duas plataformas já foram os principais canais de comércio desses itens, pois empresas terceiras utilizam os marketplaces para legitimar o contrabando. Ainda segundo a Abinee, 20% dos celulares vendidos no país são irregulares.
Entre os aparelhos apreendidos, há modelos homologados e não homologados pela Anatel, de diferentes marcas.
Os aparelhos homologados geralmente são vendidos em leilões pela Receita ou destinados a órgãos públicos, como polícias e forças armadas, além de serem doados para escolas públicas.
Já os não homologados são destruídos e encaminhados a empresas parceiras do órgão, que reaproveitam os resíduos.
Segundo dados da IDC, as vendas do mercado cinza saltaram de 9% em 2023 para 25% em 2024. Nos primeiros três meses de 2024, cerca de 8,5 milhões de celulares legais foram vendidos, enquanto o mercado cinza comercializou 2,9 milhões de unidades no mesmo período.
A prática afeta o mercado nacional, levando empresas como a varejista Pernambucanas a anunciar o encerramento das vendas de smartphones em suas lojas físicas. Segundo executivos da empresa, a concorrência com o mercado cinza inviabiliza o negócio de celulares na rede.
Os impactos também são sentidos na cadeia de fabricantes de componentes para celulares e nas instituições de ensino, que deixam de investir em pesquisas e no desenvolvimento de novas tecnologias.